E ainda tem espaço para estudos de violão, passeios no shopping e de bike e aulas de jiu-jitsu
As princesas da Disney são conhecidas mundialmente por sua beleza estonteante, como as atrizes de cinema; por seus vestidos nobres de realeza, clássicos, elegantes, coloridos, fluidos, vultosos; cabelos soltos e brilhosos, e sutileza de movimentos. As evolutivas mudanças de pensamento, conceitos e ideologias com o passar das décadas, principalmente em relação a gêneros, aliadas ao advento da tecnologia, invadindo a vida de pessoas das mais variadas faixas etárias em todo o mundo, provocaram uma revolução nas ocupações de lugares na sociedade.
As próprias princesas romperam paradigmas, desmistificaram ideias envidraçadas na mente humana e quebraram a bolha da discriminação. Merida, Valente, a princesa ruiva, com seu cavalo mágico Angus, filme de animação de sucesso nas bilheterias dos cinemas, e a princesa Sara e seu místico e falante Cavalo de Fogo, série de desenho animado também de sucesso, por 18 anos em seis programas de um dos maiores canais da televisão aberta brasileira, entre 1987 e 2005, quando ainda nem se imaginava o surgimento e a dimensão crescente dos streaming - plataformas de vídeo por assinatura -, ilustram bem esta autonomia, mesmo exibidas em épocas totalmente distintas entre si.
A jovem princesa Merida, dos rebeldes cabelos ruivos, luta contra as imposições sociais. Valente foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. Mas, a garota não tem a menor vocação a esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco.
Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Todavia, ao trocar seu medalhão com a bruxa por um feitiço que supostamente mudaria a opinião da rainha quanto ao casamento, Merida acaba por transformar a mãe em um urso, contexto no qual a parte principal da história se desenvolve, quando mãe e filha embarcam em uma jornada. Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos.
Sobre a princesa Sara, quando era apenas um bebê, foi salva das garras de uma bruxa maligna, conhecida como Lady Diabolyn, por um cavalo falante chamado Cavalo de Fogo, que a conduziu do planeta Dar-Shan para um local seguro, em um rancho em Montana, no Oeste norte-americano. Ela é cuidada por um homem conhecido como John Cavanaugh.
Por volta dos 13 anos de idade, percebe que seu medalhão começa a brilhar. Logo, descobre que o amuleto é mágico e capaz de enviar um aviso ao cavalo que a salvou. O Cavalo de Fogo enfim conta à Sara sobre quem ela realmente é: A princesa do reino de Dar-Shan, situado em outra dimensão, filha da rainha Sarana e do príncipe Kevin.
As redes sociais derrubaram barreiras, abreviaram fronteiras e diminuíram as distâncias. Misturam fantasia com realidade. É possível visitar o planeta Terra inteiro diante das telas, a poucos cliques em um aparelho celular ou por um computador ou notebook. Conhecer novos países, lugares paradisíacos, culturas diferentes, pessoas exóticas. Instagram, TikTok, Facebook e X (Twitter) são verdadeiros passaportes.
E para exemplificar as inovações, a preciosidade Laura, uma boneca real, literalmente “fora da caixa”, uma princesa de verdade, do século XXI, dos tempos modernos. Sofisticada, por seus gostos singulares e, simultaneamente, tradicional, por conservar um costume secular, campeiro e serrano, alicerceado nos hábitos “de antigamente”, da vida rural do tempo do vovô e da vovó: A arte de laçar.
Sua história será exibida na série especial Orgulho Lageano desta segunda semana do mês de abril porque Laura, apesar de ser uma criança, possui uma luz própria precoce, e já é admirada pelo o que faz, pois encontrou sucesso em suas escolhas ainda na tenra idade. A pequenina prodígio é um bom exemplo e deve inspirar as pessoas a serem melhores seres humanos em suas relações pessoais, na família e lar, melhores cidadãos em sua comunidade, sociedade e cidade, e a acreditarem nos seus sonhos, na sua própria história.
Laura Ávila Vieira, amorosamente Laurinha ou Lala, tem apenas oito anos de vida, mas já dá um show de sabedoria, perspicácia, alto astral, bom humor, simpatia, bondade, fé e positividade. Uma série de adjetivos compõe sua personalidade: Bem educada, simpática, comunicativa e corajosa.
A garotinha mora com a mãe Kassia e o pai Júnior no bairro Universitário. Seu pai é empresário e, a mãe, gerente administrativo/financeiro. A lageana Laura está cursando o 3º ano do ensino fundamental na escola.
A mocinha faz parte do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Os Maragatos, de Lages, fundado pelo avô Emilson Ávila. Ela se identifica como uma laçadora e tomou gosto pela atividade com um ano e nove meses, quando estreou sua participação em competições de laço na vaca parada. Aos seis anos de idade começava uma radiante trajetória em disputas na cancha. Inicia, aí, a lapidação deste precioso diamante.
Especialista e atuante nas modalidades de competição em Laço Prenda Mirim e Pai e Filha, Laura cumpre periodicidade quinzenal ou semanal em laçadas em nível de concorrência. Diariamente, Laura treina na vaquinha parada e, uma vez por semana, na vaca mecânica, no bairro Vila Nova.
Laura é campeã de seleção da vaca parada no Rodeio Estadual de Campeões no município catarinense Jaborá. Na cancha, o que mais marcou a promissora laçadora até hoje foi a vitória de Pai e Filha, em um rodeio em Capão Alto, seu prêmio predileto, o seu xodó.
Determinada, disciplinada, entusiasmada. Laura encara o laço com seriedade, mas, por que não, com diversão? Pois, antes de tudo, é uma criança, e criança tem de brincar, correr, pular, gastar energia, se exercitar, ser feliz do seu jeito de olhar a vida.
Laura e o seu cavalo Buenaço
Como toda boiadeira que se preze, obviamente Laura tem um cavalo companheiro leal de cancha, o Buenaço, seu nome de documento oficial. Mas, foi carinhosamente apelidado de “Tô” pelos proprietários anteriores, amigos da família. O cavalinho da raça crioula é considerado idoso, tem 17 anos.
Nem dez anos e bem experiente
A laçadora mirim já disputou em várias cidades, entre as quais: Ipê, no Rio Grande do Sul e as catarinenses Santo Amaro da Imperatriz, Jaborá e Campos Novos, e na Serra Catarinense praticamente inteira.
Ensinamentos de fé e devoção que vêm de berço
Um ritual permanente antes de botar o primeiro pé de bota gaúcha na cancha. Laura faz o Sinal da Cruz (Santíssima Trindade) - “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” - e beija sua medalha de São Bento.
Afinidade por aventuras
Desde pequena, Laura sempre teve uma afinidade grande por aventuras e sempre gostou de se superar. Está sempre em busca de um novo “frio na barriga”. “Eu amo competir e sentir a liberdade de estar montada no meu cavalo, o frio na barriga de como vai ser cada boi que eu vou pegar”, revela Laura.
As técnicas
A principal técnica é saber montar bem a cavalo para dominá-lo com uma única mão, ter equilíbrio para não perder o boleio do laço, saber calcular a distância entre o boi e o cavalo para arremessar de laço e se dedicar aos treinos, a melhorar sempre.
Estudos preconizados
É frequente a agenda de laçadas na Serra Catarinense e, fora da região serrana, depende do trabalho dos pais e das aulas, períodos de provas e trabalhos escolares da Laura. Estas são as prioridades.
“Em cima do cavalo passa um filme na cabeça”
Laura herdou da família o elo com o laço. A tradição vem de gerações. Sua mãe e seu pai foram criados no mundo dos rodeios, paixão cultivada desde seus pais e avós. Os bisavós maternos de Laura já eram laçadores. Pais, avós, tios e primos são laçadores. Seu pai, Júnior, é a sua maior inspiração no laço.
O sonho do lugar mais alto do pódio no Rodeio Internacional de Vacaria
Um dos maiores eventos de laço da região Sul do Brasil acontece anualmente no Rio Grande do Sul, com inúmeros participantes de várias partes do país e milhares de visitantes. Em 2026 acontecerá a 36ª edição do Rodeio Internacional de Vacaria, no período de 31 de janeiro a 8 de fevereiro, promovido pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Porteira do Rio Grande. Laura tem um grande sonho: Ser campeã do “Rodeio da Vacaria”. Treinar e ter um bom cavalo são as dicas para ser uma laçadora de sucesso.
A menininha de uniforme escolar de segunda a sexta e de bombacha no fim de semana, famosa nas transmissões em vídeo
E a opinião da família e colegas e amiguinhos de escola? A família sente muito orgulho e quando o rodeio está passando no YouTube acompanha as competições. Já os amigos da escola gostam de saber como foram e ficam curiosos. “Ela pratica o esporte por ser incentivada, mas, também, muito por amor dela mesma. Não precisamos cobrar os treinos, ela mesma se dedica. Eu, como mãe, sou muito orgulhosa da dedicação da Laura em tudo o que ela faz, seja no laço, na escola ou nas demais atividades. Optamos por uma vida mais distante da TV e celular, para que ela saiba ser criança”, confessa a mamãe da laçadora campeã, Kassia Assink Ávila, e complementa: “Apoiamos com os treinos. O pai comprou o cavalo que achou mais adequado à idade e que não colocaria ela em risco. Nós não medimos esforços para ela melhorar dia a dia.”
O closet de celebridade patrocinada
O guarda-roupa da Laura laçadora é um “brinco” e com opções de combinações de cores do estilo gaudério. Bombacha, bota, lenço, camisas e chapéu. As camisas e softs usados nas competições são patrocinados pela Corda Braba, uma empresa de confecção de Vacaria.
Valendo um chapéu de boiadeira: Adivinha de qual cantora ela gosta?
A música do coração da Laura é Boiadeira, da Ana Castela, cantora e compositora de 21 anos, artista dos estilos agronejo, sertanejo universitário, pop e eletrônico, explodindo no Brasil inteiro há quatro anos.
Serrana raiz, a jovem campeirinha não dispensa a “sustança” de uma boa quirera
Pratos e bebidas mais queridos? Guloseimas mais estimadas da Laura? Como uma lageana e serrana autêntica, Laura faz cara bonita para um bom prato de quirera com linguiça e polenta com carne moída. Gosta de tererê, água e refrigerante. E, como sobremesa ou para se refrescar, sorvete de sabor céu azul, o blue ice, colorido e adocicado e lembra frutas tropicais. Os ingredientes da receita são leite, leite condensado, creme de leite, leite em pó, açúcar, corante artificial e aromatizante artificial.
A laçadora lutadora de jiu-jitsu adora um shopping
Mesmo com uma rotina agitada, Laura ainda tem tempo para outras atividades e tarefas. Ela estuda violão e faz aulas de jiu-jitsu. Ama andar de bicicleta e passear. Além dos rodeios, Laura ama ir ao shopping e ao parque para brincar. Sua cor preferida é o azul e o time do coração é o Internacional de Porto Alegre.
Desde cedo entendendo o valor das coisas simples, as mais caras dentro do coração
A pequena princesa alimenta outros hábitos do mundo rural e campeiro. Ela desenvolve outros talentos, como ajudar os avós nos afazeres do sítio na Fazenda dos Maragatos, à margem da rodovia BR-116, em Capão Alto, na parte do gado, como “fechar” as vacas de leite e as ovelhas no galpão ou em área cercada e dar trato (comida) aos animais.
O que a Laura quer ser quando crescer?
Por ser muito novinha, como é bem comum nesta idade, em um dia Laura sonha ser laçadora, no outro quer ser médica, no outro, cuidadora de animais. A ideia é investir na carreira de laçadora? “O laço, para nós, é um esporte sem fins lucrativos. É nosso lazer nos fins de semana, mas, claro que o futuro a Deus pertence, então veremos mais adiante”, pontua Kassia. “A Laura é muito eclética, gosta de muitas atividades. Porém, nos planos dela sempre tem um rodeio envolvido.”
A voz poderosa de uma mãe e um pai que criam a filha com todo o amor incondicional do mundo
“Ficamos lisonjeados demais com o convite para a Laura ser o Orgulho Lageano. Falar sobre rodeios e laço é sempre motivo de muito orgulho para nós. Nosso esporte é família, tradição vinda dos nossos antepassados e que continuará de geração em geração. É um lugar onde estamos todos reunidos vendo nossos filhos crescerem longe das telas, principalmente, carregando os sonhos no lombo dos cavalos”, finaliza a mãe, Kassia.
“Representar a minha cidade com coisas boas é ser um Orgulho Lageano para mim.” - Laura Ávila Vieira
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Arquivo pessoal e AO Fotografia/Divulgação
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