Dos 18 prefeitos da Serra, seis são mulheres, eleitas em 2024. Em todos estes casos, a primeira chefe do Poder Executivo da história destas cidades. O Estado conta com 39 prefeitas e 42 vice-prefeitas - 13,2% dos municípios possuem prefeitas - total de 295 cidades. No Brasil são 5.570. Em 2024, 13,2% dos prefeitos eleitos são mulheres - 734
Um dos principais encontros sobre o protagonismo das mulheres nas políticas públicas e a representatividade feminina na política e na administração pública de Santa Catarina está acontecendo em Lages. A força das mulheres na política, a representatividade feminina na gestão pública, os desafios da comunicação estratégica e o papel das prefeitas na transformação dos municípios catarinenses são os assuntos de debates estratégicos, painéis temáticos e mesas redondas ao longo do Encontro do Movimento de Mulheres Municipalistas Catarinenses (MMMC), promovido pela Federação de Consórcios, Associações de Municípios e Municípios de Santa Catarina (Fecam), em parceria com a Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), e apoio do Movimento Mulheres Municipalistas (MMM) da Confederação Nacional de Municípios (CNM), durante o dia desta quarta-feira (12 de março) em Lages, em um dos espaços de eventos da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), bairro Universitário.
Serão duas mesas redondas e duas palestras com personalidades femininas renomadas em seus segmentos de atuação. A agenda iniciou por volta de 8h, com credenciamento e abertura oficial perto de 9h20min, e se prolongará até o fim da tarde desta quarta.
Ao reunir autoridades e lideranças femininas e gestoras públicas, entre as quais, prefeitas, vice-prefeitas, secretárias municipais e executivas, vereadoras e servidoras municipais de todo o Estado de Santa Catarina, o evento, de forma totalmente gratuita, propõe discutir os desafios e avanços da participação das mulheres nos espaços de poder e decisão.
Dos 18 prefeitos dos 18 municípios da Serra Catarinense, seis são mulheres, escolhidas pela população nas eleições mais recentes, em outubro de 2024: Carmen Zanotto, de Lages; Helena Schild, em Bom Retiro; Sadiana Melo, de Capão Alto; Lúcia Ortiz, de Correia Pinto; Tainara Raitz, de São José do Cerrito, e Cristiane Muniz Pagani, de Urupema. Em quase todos estes casos, a primeira chefe do Poder Executivo da história destas cidades. À exceção de Urupema, que já elegeu uma mulher como prefeita: Arlita Terezinha de Souza Pagani. Administrou de 2005 a 2008.
O Estado conta com 39 prefeitas e 42 vice-prefeitas. Portanto, 13,2% dos municípios possuem prefeitas - total de 295 cidades. Maria Zandonadi de Carvalho foi a primeira mulher eleita para estar à frente de um município em Santa Catarina.
A nível de país, são 5.570 municípios. Em 2024, nas eleições, 13,2% dos prefeitos eleitos são mulheres, ou seja, 734.
Em tempo: Dos cerca de três mil vereadores eleitos nos 295 municípios de Santa Catarina em 2024, 350 são mulheres. No Brasil, 18% dos vereadores eleitos em 2024 são mulheres (10.583). Em um panorama geral, as proporções vem aumentando com o passar do tempo, em estatística positiva em relação às mulheres nos cargos.
Anfitriã do Encontro e vice-presidente da Fecam, a prefeita de Lages, Carmen Zanotto, a primeira prefeita eleita da história dos 258 anos do município de Lages, prestigiou o evento e apresentou a palestra “Mulheres na Polícia”, traçando perfis estatísticos e históricos.
Junto à prefeita de Lages, ainda em lugar de destaque no Encontro, a prefeita de Major Vieira, secretária da Fecam e representante do Movimento Mulheres Municipalistas (MMM) em Santa Catarina (presidente Tânia Ziulkoski), Aline Iarenhuk da Silva; vereadora de Cordilheira Alta e representante da União dos Vereadores de Santa Catarina (Uvesc), Ane Cristine Briancini, e a prefeita de Urupema e vice-presidente da Amures, Cristiane Muniz Pagani. Na sequência da manhã, a coordenadora institucional da Fecam, Dayana Mota, proferiu uma explanação institucional sobre a Federação.
A primeira mesa redonda do Encontro do Movimento de Mulheres Municipalistas Catarinenses (MMMC), intitulada “De Mulher para Mulher: A Força da Representatividade na Gestão Pública”, foi mediada pela prefeita do município Sombrio, Gislaine Dias da Cunha, em que a prefeita de Lages, Carmen Zanotto, e a vereadora de Cordilheira Alta e representante da União dos Vereadores de Santa Catarina (Uvesc), Ane Cristine Briancini, ocuparam seus lugares de destaque nesta parte evento.
Os trabalhos estão previstos para retomada às 13h30min. O começo da tarde desta quarta-feira está designado a primeira palestra do dia, denominada “Da Urna ao Poder: A Força das Mulheres na Política”, a ser ministrada pela presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta.
A segunda mesa redonda do dia, “Gestão com Propósito: O Papel das Prefeitas na Transformação dos Municípios Catarinenses”, com as presenças de destaque da prefeita de Anitápolis, Solange Back, e a prefeita de Sombrio, Gislaine Dias da Cunha.
Por fim, o público acompanhará a última etapa do Encontro, a palestra “Um Papo sobre Mulher, Política e Comunicação”, pela comentarista política do grupo SCC10 e SCC SBT, jornalista Soledad Urrutia. O coffee-break selará o Encontro entre as autoridades mulheres participantes.
Encorajamento e acolhimento
A reunião de gestoras, legisladoras e operadoras e as conversações geram multi olhares e devem cumprir a sua missão de facilitar a vida das populações. “Cuidar de uma cidade, de um Estado, de um país, é compromisso de extrema e absoluta responsabilidade, e deve ser encarado como um aprendizado diário, em um trabalho constantemente. Evoluir juntas, dividindo nossas experiências, melhorando os processos, para municípios mais justos, igualitários, modernos, visionários, tecnológicos”, argumenta a prefeita Carmen Zanotto.
Em seu discurso, a prefeita de Lages ainda reiterou o empoderamento e a sororidade, salientando o alinhamento entre mulheres, ao enfrentar problemas mutuamente, vibrar com suas conquistas, ser unidas. Sororidade: Conceito sobre relação de afeto, união, solidariedade e empatia entre mulheres. Atitude de refletir o sentimento de irmandade entre as mulheres, especialmente em oposição à violência, exclusão e opressão. “A mulher precisa estar em todos os espaços. Nas áreas de pesquisa, ensino, saúde, educação, infraestrutura. No mercado de trabalho, universidades, prefeituras, Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara Federal e no Senado da República. Mais de 50% do eleitorado catarinense é composto por mulheres. Dedicamos nosso reconhecimento às mulheres que nos antecederam nesta luta por voz e vez. Estamos em março, o mês de reverência à mulher, as suas batalhas e vitórias. Nós mulheres temos de trabalhar o dobro, o triplo de uma ação historicamente executada por um homem, pois a construção é passo a passo, ainda somos recentes em comparação ao tempo em que um universo de áreas era de domínio masculino. O nosso Estado tem nome de mulher, de uma santa, e uma das maiores heroínas do mundo é catarinense, Anita Garibaldi. A nossa Lages é a Princesa da Serra. Eu estou em um momento de conhecer, desbravar e atuar como prefeita do município nesta experiência ímpar, e é completamente diferente das funções que desempenhei antes em minha trajetória. As tomadas de decisões são dispares. Ampliar a presença feminina nas esferas da sociedade é crucial.”
Em sua abordagem, a prefeita mencionou a Lei 14.192, de 4 de agosto de 2021, estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher.
Informações adicionais pertinentes às mulheres na Serra
Com a nova composição de gênero entre os 18 municípios da Amures, as mulheres representam 33,33% das vagas, pois cresceram numericamente em 100% de uma eleição para outra. O número de vice-prefeitas também saltou neste período, saiu de quatro para seis. Três mulheres eleitas vereadoras em 2020 (Bom Retiro, Correia Pinto e São José do Cerrito) foram eleitas para prefeitas em 2024.
Nas Câmaras de Vereadores, o número saltou de 29 para 37 eleitas, um crescimento de 27,5% em relação a 2020. Ainda assim são apenas 21,4%, do total de 173 vagas de vereador existentes na região (Dados da Amures).
Curiosidade de Anitápolis
Anitápolis, na Grande Florianópolis, elegeu cinco vereadoras em outubro de 2024. Com nove cadeiras para o legislativo, o número de representantes femininas foi de 55%. Em 2020, apenas duas mulheres foram vencedoras.
O pequeno município com 3.593 moradores, reelegeu a prefeita Solange Back, com 1.511 votos (51,10%), e é exceção no Brasil. De 58.309 vagas nacionais, apenas 10.603 (18,24%) foram ocupadas por elas.
Atraso na paridade entre gêneros
A ansiada paridade entre os gêneros deve demorar uma geração a mais. A pandemia do novo coronavírus, gerador da doença Covid-19 acrescentou 36 anos ao tempo necessário para reduzir a disparidade entre homens e mulheres, que passou de 99,5 para 135,6 anos, atribuindo-se esta deterioração a menor representação política das mulheres nas grandes economias e ao estancamento dos avanços econômicos, em decorrência da necessidade de oferecer cuidados familiares e porque as mulheres trabalham nos setores mais afetados pelo confinamento - Conclusão do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês - World Economic Forum).
Quatro anos de atuação do Movimento de Mulheres Municipalistas Catarinenses
Criado em 2021, o Movimento de Mulheres Municipalistas Catarinenses (MMMC) tem se consolidado como uma ferramenta primordial para ampliar o debate sobre o papel feminino e incentivar a criação de redes de apoio entre as mulheres atuantes na administração municipal, evidenciando a troca de experiências, a construção de redes de apoio e a busca por soluções conjuntas aos desafios enfrentados no dia a dia da administração municipal.
O que é o Movimento?
O Movimento Mulheres Municipalistas (MMM) é o primeiro movimento municipalista feminino apartidário brasileiro. Foi lançado em 2017, na XX Marcha em Defesa dos Municípios, e tem como meta principal unir prefeitas, vice-prefeitas, vereadoras e secretárias municipais na luta pela pauta municipalista e pela maior inserção das mulheres na política e no poder.
Como uma entidade que visa apoiar e representar nacionalmente os governos locais, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) está se ordenando às tendências mundiais de luta pela igualdade de gênero e assume o impulso da capacidade de liderança política das mulheres, inserindo-as como agentes-chave na defesa da pauta municipalista e da igualdade de gênero.
O MMM foi fundado por Dalva Christofoletti e por Tânia Ziulkoski, mulheres que acompanharam e participaram da criação da Confederação Nacional de Municípios, atualmente considerada a maior entidade municipalista da América Latina.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Marcos Heitor de Carvalho
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