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Fotos: Leonardo Machado Da mobilização comunitária ao Mercado Público: A jornada de uma ideia de reverência à arte e à independência de dezenas de mulheres artesãs
Desde pequena, Ana Maria Stack, atualmente com 64 anos, aprendeu a bordar panos de prato com sua mãe. O que começou como uma atividade familiar logo se tornou uma paixão e, com o tempo, despertou nela o desejo de ensinar outras mulheres. Assim surgiu a ideia de oferecer cursos de artesanato nos bairros de Lages.
Com o apoio da Prefeitura de Lages, Ana expandiu seus horizontes e conquistou um espaço dentro do Mercado Público Municipal Osvaldo Uncini para expor e comercializar os produtos das mulheres artesãs. Neste espaço, as mulheres participam de um curso totalmente gratuito, disponibilizado pelo Município.
Há pouco tempo, a qualificação passou a ser intitulada “Fadas Artesãs”, e se consolidou como um ambiente de aprendizado, troca de experiências e fortalecimento da autonomia feminina. O nome remete à magia e ao talento de cada artesã, assim como a história de Tinker Bell (a Sininho, leal amiga de Peter Pan), pois inicialmente se sentia perdida na sociedade das fadas, experimentou diversas funções e encontrou seu propósito como fada artesã.
O Projeto Terra Nossa, agora Fadas Artesãs, não deve ser considerado como apenas um curso de artesanato, mas um espaço de acolhimento, fortalecimento e transformação social para as mulheres de Lages. Ana Maria se sente esperançosa. “Sinto um alívio e uma esperança de melhora para a nossa cidade neste aspecto de reconhecimento aos trabalhadores em artesanato”, confessa.
Maria de Lourdes Coser (Malu), 65 anos, conheceu o curso durante uma oficina de Páscoa e ficou encantada com os trabalhos desenvolvidos. “A troca de ideias me fez realizada”, conta. Assim como ela, dezenas de outras mulheres encontraram, no artesanato, um propósito e uma alternativa de fonte de renda familiar. Malu, a participante do Projeto, reforça: “Estávamos deprimidas e sem esperanças pela falta de apoio, mas agora temos a certeza de que estamos no caminho certo.”
Encontros semanais e aprendizado contínuo
As aulas acontecem todas as segundas-feiras, das 14h às 17h, na praça de alimentação do Mercado Público Municipal. Para participar, basta a interessada apresentar o kit de material de artes manuais necessário. Ana Maria e as demais participantes fornecem suporte mútuo.
O curso abrange diversas técnicas, como pet aplique, bordado e pintura em pano de prato e linho, além da confecção de bonecas, coelhos e artigos em tricô. Durante datas comemorativas, como Páscoa e Natal, são promovidas oficinas temáticas especiais.
Os produtos confeccionados no curso, bem como os de outras artesãs da comunidade, são disponibilizados para venda no box Terra Nossa, dentro do Mercado Público. Cada item recebe uma etiqueta com o nome da artesã, e o valor arrecadado é repassado integralmente a elas ao final do mês. A única taxa cobrada é a da máquina de operação financeira de cartão utilizada nas vendas. As artesãs, no entanto, já pensam em mudar o nome do box para Fadas Artesãs, valorizando-se ainda mais a criatividade e dedicação de cada mulher que transforma matéria-prima em arte.
Sonho de um espaço próprio
Ana Maria Stack e as demais artesãs têm um grande sonho: Conquistar um espaço próprio, equipado com máquinas e utensílios que permitam a ampliação do trabalho artesanal. Para elas, esta é a principal fonte de renda e um caminho a maior qualidade de vida e autonomia financeira.
Portas abertas ao público. “Convidamos as pessoas a visitarem o Mercado Público e apoiar as artesãs, adquirindo seus produtos. Afinal, cada mão carrega um talento único, e todo trabalho merece ser valorizado”, argumenta a prefeita Carmen Zanotto.
Uma das missões do Município é impulsionar medidas de realização de projetos pessoais e profissionais das pessoas. “Este apoio à independência das mulheres, inclusive, tem sido uma prioridade na atual gestão, pela atuação da Secretaria de Políticas para a Mulher”, salienta a secretária Suzana Duarte.
Texto e fotos: Leonardo Machado
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