Momentos para esvaziar a mente e aquecer a alma. Assim são as tardes de quinta-feira dos 32 idosos que frequentam o CRAS IV, situado no bairro Bela Vista, com atividades que fortalecem vínculos e a saúde mental
“Amo estar aqui com as minhas amigas, fazendo atividades que movimentam o corpo e a mente. Para mim isso é uma terapia, um divertimento, todos estão aqui ocupando a cabeça, conversando e se divertindo”. Este é o relato da dona Maria Gervina de Jesus Santos, aposentada de 78 anos que esbanja simpatia, disposição e não perde um só encontro do grupo, principalmente nas últimas semanas em que participou do projeto Arte em Mandala.
Este projeto foi selecionado pelo edital da Lei Paulo Gustavo (LPG) Lages, atua junto ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e é executado pelo professor e tatuador Leandro Flores, com recursos do Governo Federal. Possui o apoio da Prefeitura, por meio da Fundação Cultural de Lages (FCL) e da Secretaria de Assistência Social e visa oportunizar aos idosos uma nova atividade artística e manual, podendo resultar em uma nova fonte de renda.
Ensinando técnicas de desenho e pintura, Leandro desenvolve o projeto há sete anos com mandalas em paredes como forma decorativa e junto ao CRAS VI, que abrange os moradores dos bairros Bela Vista, Promorar, Santa Cândida, Santa Helena e Copacabana, é a primeira vez que ele trabalha com idosos. “O projeto está inscrito na função de oficina profissionalizante e a ideia é justamente trazer uma outra oportunidade de renda para eles no futuro”, explica Leandro.
Inicialmente a oficina previa quatro encontros, mas a adesão foi tamanha que precisou estender por mais duas semanas. Ao término do projeto no CRAS VI, a ideia é fazer uma exposição com as artes produzidas e, posteriormente, expandir o projeto para outros bairros de Lages. “Já trabalhei muito com jovens por meio da música, teatro e decidi encarar o desafio de desenvolver essa temática com os idosos. Durante os primeiros encontros tivemos uma abordagem bem didática sobre a origem das mandalas e seu significado. Muitos deles não conheciam especificamente uma mandala, porém expliquei que em algum momento da vida já haviam visualizado alguma como, por exemplo, o girassol no jardim de casa ou repolho quando corta ao meio”, conta o professor.
A técnica foi bem absorvida pelo grupo e o resultado foi dar cor e criatividade às telas antes em branco. Dona Maria Gervina diz que inspirou os traços em sua trajetória, o que gerou momentos de muita lembrança e saudosismo. “Primeiro eu pensei em como a gente começa a vida. Pensei em vários pontos e vários cantos, então retratei a minha vida como eu vivi desde o nascimento e no meu tempo de criança. Eu comecei com umas florezinhas amarelinhas que eu brincava no tempo da escola, aí fui fazendo cada coisa boa que passou na minha vida”, diz Maria Gervina.
As mandalas têm origem Hindu e, conforme explica o professor Leandro, há todo um trabalho de paciência, técnica e criatividade, com apresentação igual nos quatro cantos da tela. “A mandala trabalha os dois lados do cérebro. É um desenho que te deixa livre para criar várias possibilidades, não é muito específico, cada um faz de acordo com a sua imaginação”, diz.
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) tem como objetivo criar e fortalecer vínculos para prevenção de violências, desta forma, as equipes dos CRAS conseguem manter a interação entre os grupos atendidos. “Focamos em assegurar também a apropriação mental dos nossos idosos, algo que eles precisam muito nessa faixa etária, por isso mantemos essa troca ativa que é muito relevante para eles. O nosso grupo tem essa funcionalidade de trazer novas expectativas, novas experiências e acaba que eles se ajudam. Então essa interação social é um dos focos dessas atividades”, comenta a educadora social do CRAS VI, Marisa de Andrade Costa.
O CRAS VI do bairro Bela Vista atende hoje cerca de 32 idosos e 64 crianças e adolescentes, com planejamento anual de inúmeras atividades que promovem a cidadania, arte, cultura, saúde e prevenção a todos os tipos de violência.
Texto: Silviane Brum
Fotos: Toninho Vieira
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