Chamar o comprometimento para si, esta é uma das linhas de raciocínio em 2019
Expandir a parcela populacional incorporada por um sistema de saneamento básico regular com coleta, transporte, tratamento e destinação com o mínimo de impacto ambiental possível aparece na lista das maiores preocupações de gestores públicos mundo afora. Em Lages, a solenidade de abertura oficial do Mês do Meio Ambiente, nesta segunda-feira (3 de junho), no Orion Parque, contou com uma informação salutar para toda a área urbana do município: a cidade partirá de 25% de saneamento básico adequados para 50% até o final deste mês de junho a partir do Complexo Araucária, que está em operação parcial. E saltará para 75% até final da atual administração (2020) em decorrência das obras do Complexo Ponte Grande. A matemática é de simples compreensão, mas depende de planejamento e execução complexos: a cada R$ 1 aplicado em saneamento se economizam R$ 4 em saúde. É ter uma comunidade mais sadia e menos suscetível a patologias que afetam sua vida normal. E é atrás deste prejuízo que os entes governamentais e não-governamentais estão correndo sem parar.
No Mês do Meio Ambiente, ao longo de junho serão promovidas oficinas, seminários, trilhas ecológicas, palestras, visitas técnicas, feiras e cinema, ou seja, mais de 20 atividades. O prefeito Antonio Ceron e a gerente de Educação Ambiental, bióloga Michelle Pelozato, declararam aberto o Mês do Meio Ambiente, organizado pela Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, com apoio da Secretaria da Educação e mais 18 entidades públicas e empresas. O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado em 5 de junho e em cada país assume uma programação especial com um grito de alerta à preservação dos bens naturais. “O dever de casa não é só responsabilidade do Poder Público, mas de cada um, repetidamente. O tema da ecologia está nas salas de aula de mais de 100 unidades escolares municipais e 12 estaduais de acordo com a faixa etária. Temos Ceims com hortas escolares e a disciplina de Educação para a Sustentabilidade entrou para a grade, preparando crianças e adolescentes desde já. Precisamos entender que o problema não deixa de ser nosso quando soltamos a sacola de lixo na lixeira de casa e o caminhão leva embora. É uma discussão profunda, um dever mútuo, mobilizador. Devemos cuidar disto juntos”, reflete o prefeito Antonio Ceron.
Não se pode abandonar a causa nunca
Na pauta de junho, Código Florestal; os passivos ambientais; campanhas de impacto; mudanças de hábitos em escala individual e coletiva; cumprimento de leis ambientais; admissão de posturas; desenvolvimento sustentável; cuidado aos recursos hídricos; manejo da água; uso do solo; saneamento básico; ecossistemas terrestres; Aquífero Guarani; mudanças climáticas; catástrofes naturais e incidentais; poluição do ar e do solo; aquecimento global; desmatamento; descarte de lixo em praias, rios, riachos, córregos e terrenos baldios; desrespeito à fauna e à flora, e efeitos de atitudes errôneas. “O Plano Municipal de Resíduos Sólidos, a ser elaborado em parceria com a Universidade do Sul de Santa Catarina, agregado ao Plano Diretor, aprovado pela Câmara de Vereadores no final de 2018, e ao Plano de Mobilidade Urbana, a ser produzido pela Secretaria do Planejamento e Obras, irão nortear o rumo de Lages nos próximos 20 anos. É o esforço da prefeitura para amenizar ou eliminar problemas tanto para quem hoje vive em Lages, quanto para as gerações futuras”, analisa o vice-prefeito, Juliano Polese. O Fórum Permanente de Águas e Saneamento tem como liderança o Banco da Família, um dos parceiros da programação.
A cerimônia contou com a presença de autoridades municipais e estaduais e representantes das instituições e empresas parceiras do Mês do Meio Ambiente. O secretário de Serviços Públicos e Meio Ambiente, Eroni Delfes Rodrigues, foi um dos anfitriões.
Contato com energia e a riqueza da terra pelas mãos de quem a defende
Nesta segunda, mais cedo, foi realizado no Orion Parque o Seminário Lixo Orgânico Zero, com instruções sobre o método Lages de compostagem, premiado nacionalmente em 2017 e referência no país. Estudantes de escolas da rede pública municipal e estadual de ensino já “colocaram a mão na massa” e estão garantindo a salada e os temperos da merenda, como alface, rúcula, cebolinha, e até a ornamentação, com o cultivo de flores ornamentais. Os coordenadores do Projeto Lixo Orgânico Zero, diretora municipal de Meio Ambiente, Silvia Oliveira, e o professor no curso de agronomia do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Germano Güttler, deram orientações em relação ao passo a passo. Foram utilizados pneus recicláveis, baldes com capacidade para 16 quilos, e compostos orgânicos, como cascas de frutas e legumes, restos de hortaliças, folhas e cascas de árvores, restos de poda, serragem e erva-mate de chimarrão para adubação.
Ao público foram repassadas informações acerca de canteiros, contentores, camada de 20 centímetros com Material Orgânico de Difícil Decomposição (MODD), elementos ricos em carbono, irrigação, absorção de gases (o que elimina cheiros), fermentação termofílica a 50º C, oxigenação e plantio e cultivo sustentáveis. “Não existe meio de compostagem mais rápido no mundo, pois em menos de 30 dias está pronto, com todos os produtos transformados. Nós fomos para a Bahia ensinar o pessoal de lá a fazer a compostagem criada em Lages. Em 12 dias ficou pronto para o plantio, já que o calor é um fator positivo”, explica Germano Güttler, salientando que em 100 mil baldes é possível aproveitar todo o lixo orgânico de Lages, a custo unitário de R$ 5 para aquisição do recipiente. “No aterro sanitário temos hoje de R$ 6 a R$ 7 milhões em resíduos de plástico, e R$ 10 milhões somados papéis e metais, portanto, pode se tornar atividade altamente rentável para o município”, conclui o professor.
A coordenadora Silvia Oliveira lembrou que em julho será publicado o modelo de Lages em uma revista de material científico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), produzido a partir da prática lageana. E lembrou: “O maior desafio é ultrapassar as paredes das escolas e tornar a compostagem um costume nas residências, coibindo o desperdício de alimentos e reaproveitando um resíduo riquíssimo que deve voltar à terra e gerar mais comida para as pessoas.” O Mês do Meio Ambiente foi instituído em Lages há seis anos devido à magnitude do assunto, pois anteriormente havia a Semana do Meio Ambiente.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Nathalia Lima e Toninho Vieira
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