Profissionais se capacitam para atuar no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes
03/06/2019 11:39:48
Fotos: Nathalia Lima e Maurício Soffiatti
Defesa Civil 03/06/2019 11:39:48
Profissionais se capacitam para atuar no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes
No município 21 famílias estão sendo averiguadas devido à situação de trabalho infantil, segundo dados da Secretaria de Assistência Social e Habitação. Já, quanto à violência sexual de crianças e adolescentes, 60 famílias estão em acompan
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) classifica a exploração sexual de crianças e adolescentes entre as piores formas de trabalho infantil. A prevenção e o enfrentamento a esse grave problema demandam a articulação de ações intersetoriais, com objetivo de proteger as vítimas e responsabilizar os agressores, assim como conscientizar a população sobre formas de identificar e denunciar os casos suspeitos.
Com esta visão, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação, através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), vinculado à Diretoria de Proteção Social Especial de Média Complexidade, está realizando ações que celebram o dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Nesta quinta-feira (30 de maio), foi realizada uma capacitação que reuniu cerca de 130 profissionais que atuam nos programas da Secretaria, entre eles assistentes sociais, psicólogos, conselheiros tutelares e equipes técnicas das áreas da educação, saúde e segurança. As palestras foram realizadas no auditório do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc), conduzidas por um psicólogo e uma pedagoga da empresa Bellart. Nos dias anteriores, também foram realizadas sessões teatrais no Teatro Marajoara, com a peça “Inocência Roubada”, tendo como público alvo crianças e adolescentes entre seis e 13 anos, participantes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos dos oito Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) do município de Lages.
Abusadores podem estar próximos
Existem dados que apontam que muitas vezes os casos de abusos são identificados dentro das próprias famílias, o que dificulta a intervenção em prol da defesa da vítima. “São situações maquiadas, por isso a importância deste trabalho de prevenção com as próprias crianças e adolescentes, de uma forma suave e lúdica, para que eles reconheçam que estão sofrendo uma violência. Muitas vezes elas são coagidas e ameaçadas, ou compreendem como uma forma de carinho, e permanecem caladas”, pondera a coordenadora do PETI em Lages, Mariana Coelho.
Ela conta que, durante a atividade com o teatro, teve uma criança que se pronunciou a respeito, em uma conversa individual. “Infelizmente, uma das crianças presentes se identificou com um dos casos de abuso mostrados de forma lúdica na peça teatral. Ela nem sabia que estava sendo vítima de violência sexual dentro de sua própria casa”, relata.
Vítimas têm acompanhamento social e psicológico
No município 21 famílias estão sendo averiguadas devido à situação de trabalho infantil, segundo dados da Secretaria de Assistência Social e Habitação. Já, quanto à violência sexual de crianças e adolescentes, 60 famílias estão em acompanhamento, sendo atendidas pelas equipes multiprofissionais dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS).
Atualmente, o principal meio de identificar o trabalho infantil é o serviço de abordagem social, através de fiscalização e também denúncias, através do Disque 100. Após a identificação, a primeira providência é conversar com a família e tentar entender o motivo de estarem nesta situação, orientando sobre as melhores alternativas. Caso, mesmo após a intervenção da equipe de assistente social e psicólogo da Secretaria, os pais não concordarem, serão acionados outros órgãos, como o Conselho Tutelar e o próprio Ministério Público. “O abuso sexual é ainda mais desafiador, porque precisa da comprovação da violência ocorrida, o que se torna algo muito desgastante para a própria vítima”, destaca Mariana.
Entre as principais consequências físicas e sociais que ocorrem após os abusos contra crianças e adolescentes, são as doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada precoce, traumas psicológicos, tentativas de suicídio, sentimentos de culpa, evasão escolar, entre outros impactos negativos. “É de suma importância o cuidado extremo com as vítimas e que as intervenções ocorram o mais rápido possível para minimizar os danos. A capacidade de se reconstruir após o trauma vai depender da rede de apoio”.
Texto: Aline Tives
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