Desde há muito tempo os “Campos das Lagens” se destacaram em virtude da beleza e abundância de pastos. Daí o nome Coxilha Rica, dado pelos castelhanos
Lages desde o princípio do processo civilizatório foi ponto de referência histórica e geográfica. Inicialmente conhecida como "Lagens": rochedos de arenito que despontam irregularmente em meio aos campos e coxilhas. Área descampada inserida na imensidão sul do continente, integrada ao “Real Caminho de Viamão”, popular Caminhos das Tropas, a partir do século XVIII.
"Lagens" sempre figurou como uma palavra chave, portal encantado do imaginário humano. Configurada em marcos geológicos, geográficos e raízes históricas. A herança gaudéria, dos tempos de formação das nações sul-americanas, incorporada pelo lageano e consequentemente pelo povo serrano catarinense. E foram as boas ou razoáveis condições de povoamento dos campos e serras que forjaram a alma serrana. Isso tudo é compreensível se nos aprofundarmos no estudo e avaliação da história do pensamento humano e da antropologia cultural. Aí se desvendará, verdadeiramente, o que é o povo serrano, o que é o lageano: misto de gaúcho e paulista, de fazendeiro e tropeiro, de índio e europeu.
Historiadores, músicos, compositores e poetas têm muito bem destacado esta mistura, esta compreensão um tanto ufanista da história de Lages. Veja, pois, o título de uma das principais obras do escritor Licurgo Ramos Costa: "O Continente das Lajens". Título que demonstra que o serrano também é influenciado pelo imaginário fantástico e utópico.
Não foi por acaso que por estas plagas passaram - e também se estabeleceram - os birivas, os tropeiros, que muito contribuíram para alavancar a economia do Brasil Colônia. Em Lages esteve o lendário monge João Maria. Palco também da Revolução Farroupilha e outros tantos rebuliços, como a Guerra do Contestado.
Lages - primeiramente -, foi um posto avançado da Coroa Portuguesa, com o objetivo de frear a investida dos espanhóis sobre o território a eles limitado pelo Tratado de Tordesilhas. E é esta tradição guerreira que talvez esteja mais presente na veias do serrano, que forjou a "alma cabocla". Tradição que se transformou em nacionalismo, através dos posteriores embates cisplatinos.
Portanto, de um certo ponto de vista, dá para se dizer que o Rio Grande se estende para além dos Campos das Vacarias, pelos “Campos das Lagens”. Cabe aqui ressaltar que a Villa de Nossa Senhora dos Prazeres foi fundada em 1766, anos antes da Fundação do Porto dos Casais, a hoje capital do Estado gaúcho.
Texto: Iran Rosa de Moraes
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