Seminário com palestras, distribuição de mudas de árvores frutíferas, feira com produtos caseiros e hortifrútis e apresentações culturais estão entre as principais atividades
Um dos pilares da economia da região serrana, a agricultura familiar ganha destaque e é tema de discussões e reflexões acerca dos principais desafios, dificuldades e como as políticas públicas podem contribuir no fomento e fortalecimento da comercialização dos produtos. A primeira edição da Semana da Agricultura Familiar vem com este propósito. A abertura oficial foi realizada nesta quinta-feira (27), no Mercado Público de Lages, reunindo autoridades ligadas ao setor, de âmbito municipal e estadual, e produtores rurais da região.
O evento é promovido pela Prefeitura de Lages, através da Secretaria Municipal da Agricultura e Pesca, em parceria com a Câmara de Vereadores. Conta ainda com o apoio da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e Epagri.
O evento está ligado à Lei n° 4375/19, de autoria do vereador Enio do Vime, que institui o Dia Municipal da Agricultura Familiar, celebrado todo dia 25 de julho. Serão três dias de atividades, sendo a primeira delas um Seminário com palestrantes experientes no fomento da agricultura familiar. Logo após a abertura no Mercado Público, foi dado início à rodada de palestras com James Rodrigo Smaniotto, da Epagri de Lages, que ministrou sobre o tema “Políticas Públicas para a Agricultura Familiar”.
Ao longo do dia também foram abordados temas como o Acesso à Comercialização nos Mercados Locais; Cultivo Protegido e Hidroponia; Meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) e criação de Porco Moura. Cada família participante pôde levar para casa uma muda de árvore frutífera. “Todas as ações a favor do agro e em prol do desenvolvimento do interior do Município são importantes. Os pequenos agricultores trazem produtos de qualidade para a mesa das pessoas. O Mercado Público de Lages sempre foi o local de acolhimento destes produtores e, após a revitalização, mantém suas características e abre espaço para eles, que lutam dia e noite para manter suas famílias”, comenta o vice-prefeito, Juliano Polese.
Nesta sexta-feira (28) será dado sequência à programação com a tradicional Feira da Agricultura Familiar, das 8h às 17h, na praça do Terminal Urbano, com produtos caseiros como bolachas, cucas, mel e pães e hortifrútis. E no sábado (29), a partir das 14h será realizada uma programação cultural, novamente no Mercado Público, como homenagem aos agricultores através da Fundação Cultural de Lages.
A Secretaria Municipal da Educação promoveu um concurso de desenhos, fotografias e produções textuais com os alunos das 33 Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs). O objetivo é discutir nas unidades escolares todo o processo para que o alimento chegue até a mesa do consumidor e a importância da Agricultura Familiar para a economia do Município. “Agradecemos aos pequenos agricultores, pois através deles temos alimentos frescos e de qualidade nutritiva que chegam a quase 16 mil alunos das nossas unidades escolares, através da merenda escolar. Muitas crianças que não comem frutas e saladas em casa são incentivadas a comer na escola junto dos colegas, e isso nos deixa muito satisfeitos”, comenta a secretária da Educação, Ivana Michaltchuck.
Agricultura Familiar ganha espaço no Mercado Público
Uma das principais características do Mercado Público de Lages que foi preservada é ser um ponto de referência para quem busca os produtos da agricultura familiar. Muitos boxes estão disponíveis com esta finalidade, onde são comercializados os mais variados produtos caseiros e artesanais.
No box da panificação seis famílias se revezam no atendimento e dividem o espaço e os lucros. São pessoas que vêm de diversas localidades, como Santa Terezinha do Salto, Boqueirão e Estrada Geral dos Mirantes para vender seus produtos feitos de maneira artesanal. Ali são encontrados os mais variados pães, roscas de coalhada, sequilhos, bolachas, cucas e bolos de diversos sabores, inclusive panificados zero lactose.
Todos os produtos são frescos e sem conservantes, o que têm aguçado cada vez mais o interesse de quem busca por uma alimentação mais saudável. “Temos uma procura muito satisfatória aqui no Mercado, inclusive muitos turistas que vem conhecer o espaço, levam uma lembrancinha e também compram nossos produtos. Percebemos um interesse maior das pessoas em produções caseiras e mais saudáveis”, comenta Jane de Liz, uma das sócias do box.
Ela conta que, depois de trabalhar durante nove anos como locutora de rádio, começou na panificação por incentivo da sogra, que mora no interior, e se apaixonou pelo novo ofício. “Tem sido uma verdadeira terapia para mim. Realmente me encontrei e me ajuda muito após momentos difíceis que passei por motivos de saúde”, comenta.
Dona Marina Xavier de Moraes Rafaeli, moradora do Boqueirão, está a onze anos na panificação caseira o que, segundo ela, foi à salvação do orçamento doméstico. A vida toda morou no campo, acordando cedo, tirando leite e fazendo o queijo serrano, até que precisou encontrar alternativas para aumentar a renda, pois o terreno estava comprometido com a plantação de eucalipto e não tinham como plantar. “No período da tarde eu vinha para a cidade, trabalhar como faxineira, e meu esposo trabalhava em um mercado. Mas depois que descobri as feiras da agricultura familiar, nossa vida mudou”, conta.
Agora, ela, o esposo e o filho de 28 anos que mora com eles, se ajudam e trabalham por conta própria na produção de pães, bolachas e cucas, que são comercializados nas feiras e também no Mercado Público. A cozinha da dona Marina já foi alvo de reportagens e é tida como referência na região. A produção chega a 200 quilos de panificados por semana. “Viver com a renda que conseguimos nas feiras é uma bênção de Deus, pois melhorou muito nossa vida”, desabafa.
Texto: Aline Tives
Fotos: Ary Barbosa de Jesus Filho
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