O livro “História do Monge João Maria” escrito pelo saudoso Augusto Waldrigues, e editado em janeiro de 1985, em Curitiba, reúne “episódios, crônicas e fatos” sobre a vida de João Maria de Agostini.
No entanto, os originas da obra haviam ficado prontos 34 anos antes, em janeiro de 1951, quando foram entregues à Editora Lítero-Técnica Ltda, na capital paranaense, para que o editor Orlando Ceccon fizesse estudos dos escritos para publicação.
Ocorreu que, primeiro por falta de dinheiro, e, depois, de tempo para dedicação à obra, já que o autor era um profissional de muitas atuações – professor, jornalista, escritor, advogado –, os originais deste livro ficaram engavetados por décadas, até que fossem finalmente editados.
Na condição de jornalista, mais do que escritor, Waldrigues primou pela isenção, deixando de lado as emoções dos fatos pesquisados para simplesmente narrar os episódios, “tal qual como eles se apresentam, conservados que foram pela tradição oral e por velhos e raríssimos documentos escritos, publicados em jornais e revistas, quase todos perdidos nas brumas do tempo”.
Tudo começou quando Waldrigues escrevia para o Diário da Tarde, de Curitiba, como conta no livro: “Publiquei algumas crônicas sob o título ‘Um Profeta dos Tempos Modernos’, oportunidade em que recebi de diversos pontos do Estado do Paraná, por meio de cartas, notícias, fotografias e outros apontamentos, todos de suma importância, para um trabalho desta natureza e espécie”.
Eis que, depois de tanto tempo, o livro, hoje uma obra rara de posse de poucos leitores, acabou sendo publicada, revelando, juntamente com outras escassas edições de que tratam do mesmo tema, fatos e crônicas prestimosas da vida do Monge João Maria de Jesus ou João Maria de Agostinho (ambas denominações pelas quais o peregrino era conhecido).
Waldrigues que confessou já ter esquecido de que um dia escrevera a “História do Monge João Maria”, considerou a publicação um verdadeiro milagre, tendo conseguido porque contou com a ajuda do amigo Lustosa de Oliveira, político e abastado fazendeiro paranaense, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
Lustosa ao tomar conhecimento da existência dos originais do livro, por tanto tempo engavetados, e ao saber que o autor era nada mais nada menos do que um amigo seu, de longa data, não hesitou em procurá-lo, em Curitiba, propondo que fosse então publicada a obra.
Lustosa tinha familiaridade com as histórias do monge através de fatos narrados por sua mãe, a qual conheceu e conviveu com João Maria durante a passagem dele pela fazenda da família, em Guarapuava-PR.
Augusto Waldrigues também liga o milagre da publicação do livro a outro importante fato, o de que o político e também rico fazendeiro lageano Caetano Vieira da Costa ter escrito “uma das mais belas páginas da vida do eremita”.
Waldrigues iniciara sua vida de professor e jornalista em Lages. O escritor nasceu em Anita Garibaldi (na época, distrito de Lages). Foi morar em Curitiba depois de ter passado em concurso público do IBGE.
Pela importância deste livro, com certeza está a merecer uma segunda edição.
As controvérsias históricas relativas a vida do monge podem ser caracterizadas pelas diferentes informações sobre sua morte ou desaparecimento do cenário público. Enquanto Guido Vilmar Sassi, no livro Geração do Deserto fala que João Maria foi visto pela última vez no Morro do Taió, no Alto Vale do Itajaí, o escritor Celestino Sachet, na obra Santa Catarina 100 Anos de História, cita que o personagem histórico, provavelmente, findou sua vida no Rio Grande do Sul. Por sua vez, o lageano Wilson Vidal Antunes escreveu em artigo publicado no Correio Lageano que um animal feroz, em uma gruta do município de Sorocaba, teria matado João Maria.
Texto: Iran Rosa de Moraes
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