A revolução pela Educação, talvez, como prega Cristovam Buarque, seja o caminho para o Brasil grande do futuro
Ler e escrever. Um só sentido. Quem lê escreve, isto é, estará apto a escrever. Já quem escreve... lógico, é leitor nato.
A leitura é universal, precede, em todos os sentidos, a escrita, pois, para escrever, necessário se fez uma leitura do que se pretendia criar: o alfabeto. Como se teria chegado a ele, sem uma leitura prévia do mundo, sem um contexto, compreensão, interação social, vivências...?
Diante dessas considerações, cita-se o mestre Paulo Freire, “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade daquele”. E, ao reforçar dessa compreensão, trazemos à tona o pensamento de Emerson: “Os melhores livros levam-nos à convicção de que a natureza que escreveu é a mesma que lê”.
Mas como e quando se dá o processo de leitura, qual a importância e as implicações a ela inerentes enquanto seres humanos e entes sociais que somos?
As respostas a esta intrincada pergunta são, sequencialmente, dispostas a seguir, dadas por pensadores e escritores, expoentes do estudo da língua e dos conhecimentos adquiridos e colocados à prova:
Quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações que a realidade impõe e da nossa atuação nela; quando começamos a estabelecer relações entre as experiências e a tentar resolver os problemas que se nos apresentam – aí então estamos procedendo a leituras, as quais nos habilitam basicamente a ler tudo e qualquer coisa (Maria Helena Martins);
Exorto o leitor a procurar algo que lhe diga respeito e que possa servir de base à avaliação, à reflexão. Leia plenamente, não para acreditar, nem para concordar, tampouco para refutar, mas para buscar empatia com a natureza que escreve e lê (Harold Bloom);
A leitura não é prática neutra. Ela é campo de disputa, é espaço de poder (Márcia Abreu - Leitura, história e história da leitura); o mais difícil, mesmo, é a arte de desler (Mário Quintana).
Se, claro está que a leitura é uma alavanca para o desdobrar do conhecimento, da arte e da ciência, da perpetuação de tudo que nos cerca enquanto motor do desenvolvimento e da dinâmica da vida e sobrevivência natural, nos parece algo cruel e ao mesmo tempo um desafio social fatos como esses: No Brasil a média de leitura é de 1,8 livro/ano por pessoa, contra 8 livros/ano na Islândia e 5 nos Estados Unidos da América.
Porém, resta-nos um consolo e quiçá, ao menos, um alerta, deixado por Harold Bloom. “Quando se está com setenta anos, não se deseja ler mal, assim como não se deseja viver mal, pois o tempo é implacável. ”
A nós educadores, e formadores de opinião, neste contexto nunca é tarde para refletirmos à tomada de decisões e iniciativas: a leitura é fundamental para o desenvolvimento intelectual e educacional; para a formação das pessoas. Porém, a leitura em si depende de uma interação escritor-leitor, de motivação, seguida do processo cognitivo, a contextualização sociocultural, que também consiste no interagir entre leitor-livro-escritor.
Se um país se faz com livros, os livros fazem um país? A revolução pela Educação, talvez, como prega Cristovam Buarque, seja o caminho para o Brasil grande do futuro.
E aqui cabe muito bem o que escreveu Maria Helena Martins, em "O que é leitura". Contextualizando a importância da memória – e um povo sem memória também não cresce – tanto para a vida quanto para a leitura, especialmente a da palavra escrita, ela disse: “... daí a valorização do saber ler e escrever – já que se trata de um signo arbitrário, não disponível na natureza, criado como instrumento de comunicação, registro das relações humanas, das ações e aspirações dos homens; transformado com frequência em instrumento de poder pelos dominadores, mas que pode também vir a ser a libertação dos dominados”.
Texto: Iran Rosa de Moraes
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