Clima agradável com 23ºC, um dos fatores para chamar adultos e crianças aos estandes
O ambiente colorido pode ser visto já bem de longe pelas pessoas na travessia pelo Calçadão da Praça João Costa, centro de Lages, e a curiosidade faz com que, mesmo com a correria do dia a dia para resolver pendências de sexta-feira, na contagem regressiva para o fim de semana, o público desacelere e aprecie a sutileza dos trabalhos manuais das artesãs participantes da Feira do Programa Encanto do Artesão Lageano, idealizada e viabilizada pela Secretaria da Assistência Social, ligada à Prefeitura. Nada mal para esta sexta-feira (26 de agosto), com temperatura de 23ºC em pleno inverno.
Oito artesãs de Lages, selecionadas por intermédio do Edital de Credenciamento para Expositores de Artesanato (empreendedores e autônomos) nº: 003/2022, aproveitam a oportunidade de exposição e comercialização de diversificados tipos de artesanato. São artigos que ganham formas, cores e movimento, em modalidades e técnicas de tricô, crochê, macramê, patchwork, fuxico, pintura, arte em MDF, colagem em pano e ponto caseado: casaquinhos e sapatinhos de bebê; jogos de cozinha e banheiro; toalhas e trilhos de mesa; jogos americanos/sousplats; capas para utensílios domésticos (liquidificador, batedeira e botijão de gás); tapetes decorativos; filtros dos sonhos; bonecos ornamentais; chapéus; tiaras e laços de fita para cabelo; brincos, colares e pulseiras; imagens sacras; quadros, e telas.
A Feira estreou em 2021 e é promovida todas as sextas-feiras e sábados de cada mês, no período das 9h às 17h, sem interrupções de horário. Não há cobranças de taxas. Às artesãs são oferecidas tendas, incluindo sua montagem e desmontagem, para acomodação e visibilidade de produtos e proteção do calor, frio, chuva e vento. “O Programa Encanto do Artesão Lageano é maravilhoso, contribui com a renda destas mulheres. Os intuitos do Poder Público são ajudar as pessoas e incentivá-las a desenvolver seus dons, com o efeito de complementação do seu ganho familiar. Um recurso financeiro extra para a casa. Devemos lembrar que inúmeras famílias reforçam sua renda ou sobrevivem do artesanato, este trabalho esplêndido e primoroso que merece ser valorizado. Nós ouvimos relatos de reconhecimento e agradecimento pela Feira e aos espaços disponibilizados nas duas lojas sem exigência de custo (Calçadão e Mercado Público). Temos um lema para o sucesso das nossas atividades com os artesãos: Acreditar e realizar sonhos”, comenta a coordenadora de programas; lojas Empório das Artes, no Calçadão da Praça João Costa, e Empório das Artes, no Mercado Público Municipal, e de equipe, Eliane Floriani Bordin (Xuxa).
O secretário da Assistência Social, Jean Pierre Ezequiel, enfatiza o enaltecimento às aptidões. “As políticas públicas percebem a necessidade de amparar, mas também de gerar autonomia e independência aos cidadãos. A Feira do Programa Encanto do Artesão Lageano enobrece o trabalho dos artistas e, por sua vez, enxerga as vantagens aos clientes de Lages e turistas, que levam para suas casas itens funcionais e souvernis de qualidade, feitos com carinho e a marca da garra de quem aqui vive.”
Cinco lugares de venda possuem a prefeitura de Lages como mantenedora, pela Secretaria da Assistência Social, e a Fundação Cultural de Lages (FCL): Empório das Artes, no Calçadão da Praça João Costa, e Empório da Serra, Espaço Arte dos Bairros e Empório das Artes, todos estes três no Mercado Público Municipal (os quatro amparados pela Assistência Social), e a Casa do Artesão, ao lado da Fundação Cultural de Lages (FCL) e do Museu Thiago de Castro (MTC), supervisionada pela própria Fundação. A prefeitura desenvolve cursos de qualificação em artesanato em núcleos situados em bairros de Lages.
Amor às manualidades desde menina
Os olhos brilham quando Vera Borges confessa sua paixão insuperável pelas artes mágicas das mãos. Autodidata, a artesã, moradora do bairro Bela Vista, é detentora de uma coleção invejável de elementos, que passeiam, sobretudo, pelos mundos do tricô e crochê.
Apesar de não ter antecedentes familiares no ramo do artesanato, a vocação passou de mãe para filhos, no caso dela. Seu filho, de 40 anos, e a filha de 32, são sabedores deste talento. A filha do meio, de 38 anos, é artesã e tem uma loja, a Criarte Pedrarias, Bolsas e MDF, no Centro Comercial (Galeria) City Lages. Vera reside com o esposo, aposentado e artesão de peças campeiras em couro – cinto, cinturão e guaiaca, fornecedor à Casa do Couro Mezzalira.
Sua relação com ao artesanato já dura 27 anos, nunca para, nem diminui. Ela acompanha a Feira do Programa Encanto do Artesão Lageano do início, no ano passado, contudo, esteve por longos 26 anos a fio no comércio de artesanato nas barracas do Calçadão Túlio Fiúza de Carvalho, além de até hoje marcar presença na Feirinha de Artesanato da Praça Joca Neves, realizada no segundo e quarto domingo de cada mês (das 11h às 18h); na loja Empório das Artes, no Mercado Público Municipal, e nos boxes de artesanato do Recanto do Pinhão Aracy Paim.
A sua tenda no Calçadão da Praça João Costa está repleta de produtos de tricô e crochê, entre os quais, jogos de cozinha e de banheiro, porta-panos de prato, puxa-sacos (guarda sacolas), porta-papéis higiênicos, trilhos de mesa, tapetes, palas, toucas, boinas e santinhas devocionais. Em dias de movimento bom, Vera garante que é possível lucrar de R$ 500 a R$ 1 mil somente nesta Feira, um “plus” na renda da família. “Este apoio da prefeitura é salutar para que o artesanato permaneça vivo, produtivo, duradouro, rentável. Eu faço artesanato e estou envolvida nestas tarefas porque gosto e consigo incrementar a renda. É a minha vida, a minha história.”
O sapatinho que não era de cristal, mas que mudou a vida de uma criancinha
Vizinha à tenda da amiga Vera Broges está Vanderlita de Fátima Nassiff (Vandinha), que não mede esforços para entregar o melhor da sua sensibilidade e inspiração em suas peças de tricô; crochê; pintura em tela, tecido e madeira; ponto cruz, e ponto russo. Depois de, por um tempo, ter deixado a arte em pintura de lado e esquecida, a artesã voltou com todo o gás, e agora, como ela mesma defende, está resgatando este seu gosto, que hoje é seu carro-chefe de confecções.
Artesã há 60 anos, Vandinha faz pintura em tecido há quatro décadas. Suas telas e panos de prato revelam delicadeza, concentração e precisão de traços. E ainda sobra tempo para “inventar moda” e criar itens novos em bordado e trançado de fita, e a partir do reaproveitamento de objetos recicláveis, como potes de sorvete que se transformam em divertidas maletas para guardar bijuterias e instrumentos de costura, por exemplo. A imaginação “corre” solta. De onde vem tanta criatividade? Da herança da tia, que a fez despertar ao fabricar e mostra-lhe um sapatinho de tricô.
Na Feira do Programa Encanto do Artesão Lageano é possível vender o equivalente perto de R$ 1 mil em um dia intenso de comercialização. “Nestes últimos três anos, por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), eu produzi muita coisa. É o único lugar onde vou para vender, pois a maioria das minhas vendas é pelo ‘boca à boca’ e pelo Facebook. Eu venho porque tenho grandes amizades e pelo incentivo das pessoas. O dinheiro ajuda, com certeza, pois lá em casa somente o esposo é aposentado, por enquanto”, justifica Vandinha, ex-professora de artesanato em cursos e oficinas da prefeitura de 2000 a 2003, ex-aluna de qualificações do Município em período posterior e participante de feiras e outros eventos expoentes nacionais deste setor econômico, como em Jundiaí, cidade do Estado de São Paulo, e Curitiba, capital do Paraná. Ficou interessado? Então procure e encontre a Vandinha em seu perfil no Facebook: Litta Pekena Pìnheiro (Pekena).
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Toninho Vieira
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