No total, são mais de 300 refeições diárias e uma média de seis mil mensais (entre almoços e sopas) entregues pela prefeitura às famílias em vulnerabilidade social, representando um aumento de 40% nos últimos dois anos
Disponibilidade e acesso aos alimentos nem sempre foram garantidos o suficiente à população mais pobre, devido a muitos fatores e principalmente à instabilidade econômica do país. A insegurança alimentar e nutricional é consequência direta das mudanças climáticas, escassez hídrica, poluição, explosão demográfica, crises sanitárias e socioeconômicas. Cabe ao poder público tomar providências e garantir vida digna aos cidadãos.
Em Lages, desde que foi implantada a Cozinha Comunitária Rolde Romeu Rosar, localizada na Rua Padre Ludovico Kuck, no bairro Guarujá, todas as famílias em situação de vulnerabilidade social têm acesso a duas refeições diárias (almoço e sopa).
O espaço é um equipamento público, que faz parte da Diretoria de Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação de Lages. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30. “Graças a este trabalho não passamos fome. Tudo é muito caprichado, comida gostosa e de qualidade. Se não fosse a cozinha comunitária, nem sei o que seria da gente”, comenta Sebastiana Cruber, 60 anos, moradora do bairro Cristal.
Segundo a Diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria de Assistência Social, Beatriz Josefina Paggi, após os dois anos mais intensos da pandemia da Covid-19 houve um aumento de aproximadamente 40% do número de pessoas atendidas pela Cozinha Comunitária em Lages.
Se antes eram servidas cerca de 70 a 90 refeições no horário do almoço, este número aumentou para 150 neste ano. Para a aquisição diária da sopa, que é distribuída durante a tarde, estão cadastradas 30 famílias, o que representa o atendimento de 90 a 100 pessoas, de todas as idades, sendo muitas delas crianças. São servidos aproximadamente 70 litros de sopa todos os dias.
Outras 75 marmitas são encaminhadas diariamente para o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), localizado na rua São Joaquim, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Este éoutro equipamento da Secretaria de Assistência Social e recebe mais de 50 pessoas por dia para almoço. No total, são mais de 300 refeições diárias e uma média de seis mil mensais (entre almoços e sopas) entregues a esta parcela da população pela Prefeitura.
Cardápio balanceado garante uma alimentação saudável
A Cozinha Comunitária tem como objetivo minimizar os efeitos da falta de acesso ao alimento. Diante disso, se fez necessária a distribuição de refeições saudáveis para atender como perfil pessoas em situação de vulnerabilidade social e/ou insegurança alimentar e nutricional para minimizar os efeitos da fome, como desnutrição e anemia, permitindo que o maior número de pessoas dessa região tenha acesso a alimentos básicos de qualidade, garantindo a esse público o direito humano a alimentação adequada, assegurada na Constituição Federal.
Devido à falta de acesso a alimentos saudáveis, assim como a falta de conhecimento na busca pelo alimento saudável e o desconhecimento sobre os riscos que acarretam o consumo de alimentos sem cuidado necessário de higiene, pode a população apresentar problemas de saúde.
O cardápio é diferente a cada semana, com diversidade de alimentos, elaborado pela nutricionista responsável, Juliana Martins, com o objetivo de fornecer refeições saudáveis aos usuários.
O arroz e feijão é base para todas as refeições, sendo acrescentadas saladas refogadas, macarronadas, batatas, carnes e farofas coloridas, com pimentão, milho, ervilha e temperos verdes. São utilizados diariamente 11 quilos de feijão e 30 quilos de arroz para abastecer as marmitas.
Para além da garantia de acesso a uma refeição saudável e adequada, a Cozinha Comunitária desenvolve atividades de inclusão social produtiva, fortalecimento da ação coletiva e da identidade comunitária e ações de educação alimentar e nutricional.
O serviço dispõe de um pequeno espaço de horta, que recebe os devidos cuidados e manejo na plantação através de alguns beneficiários do serviço e profissionais de forma voluntária, sendo que os temperos são utilizados para o preparo das refeições da Cozinha Comunitáriae os beneficiários também podem colher para a utilização em suas residências.
O quadro de funcionários da Cozinha Comunitária é composto por quatro cozinheiras, dois profissionais auxiliares de serviços gerais, um assistente social, um auxiliar administrativo e um vigia.
Através da parceria com o Governo Federal foi realizada a modernização do espaço. Atualmente a administração da cozinha está sob a responsabilidade integral do Município que disponibiliza todos os recursos para o funcionamento desse equipamento.
Como acessar?
O acesso aos serviços das Cozinhas Comunitárias é universal, contudo o programa e as suas atividades foram idealizadas para o atendimento de indivíduos referenciados nos serviços de assistência social, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
A necessidade deste serviço acentua-se diante de umaporcentagem da população lageana que está situada em bairros da periferia, com a abrangência dos Cras, os quais também encaminham usuários para atendimento no serviço.
As famílias beneficiárias do serviço são cadastradas pela técnica assistente social, através de um sistema informatizado, que possibilita obter conhecimento de todas as refeições entregues para a família, visitas domiciliares e encaminhamentos realizados pelo profissional, sendo que estas informações também são compartilhadas com outros serviços que também atendem os beneficiários. O assistente social também realiza o atendimento para identificar o perfil de cada família apta a serem beneficiadas e visitas domiciliares para acompanhamento familiar.
A Cozinha Comunitária também atende diariamente pessoas que necessitam do alimento naquele momento, sendo que posteriormente são realizados os encaminhamentos necessários de cadastramento e avaliação do profissional, uma vez que o serviço prioriza a necessidade alimentar da população diante da situação de vulnerabilidade em que se encontram as famílias.
Texto: Aline Tives
Fotos: Ari Junior
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