O básico necessário para viver com dignidade nas estações de temperaturas mínimas e abaixo de zero: Cobertor, alimento saudável e um olhar sensível de respeito
A Serra Catarinense abriu as janelas para o início da época mais gelada do ano na semana anterior e já atrai os olhares de todo o Brasil para seus cenários charmosos e branquinhos por causa da geada que cristaliza suas paisagens típicas. O outono começou no dia 20 de março e estação irá se prolongar por três meses, quando o inverno chegará aos campos da região mais fria do país, em 21 de junho, até 22 de setembro, quando brilhará a primavera. No inverno a Serra ficará ainda mais bela e hospedará turistas de praticamente todos os cantos do país e até de países estrangeiros.
Na segunda e terça-feira (27 e 28 de abril) a região registrou as primeiras duas menores temperaturas de 2021, abaixo de zero em dois pontos graus Celsius. Mas o que é encantamento para uns é sinônimo de fragilidade do corpo. E para abrandar os impactos na saúde e na qualidade de vida daquelas pessoas que mais precisam de ajuda para suavizar as influências e implicações das baixas temperaturas, potencializadas pela pandemia da Covid-19, doença originada pelo novo coronavírus, a prefeitura de Lages, pelos trabalhos de sensibilização e operacional da Secretaria da Assistência Social e Habitação, disponibiliza três casas de acolhimento temporário às pessoas em situação de vulnerabilidade social - Acolhimento Temporário, Serviço de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias (Acolhimento POP) e Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), além de dois abrigos para crianças e adolescentes - Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saicas), sediados nos bairros Guarujá e Santo Antônio. Todos subordinados à Diretoria de Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Na integralidade destes locais estão em prática as medidas de saúde em prevenção à disseminação do novo coronavírus, como uso de máscara de proteção social e álcool gel. “O trabalho é feito com carinho, empatia, altruísmo, fraternidade, profissionalismo e técnica, assegurando direitos de cidadania às pessoas que precisam do nosso suporte”, expõe o secretário da Assistência Social e Habitação de Lages, Jean Pierre Ezequiel.
Equipe de Abordagem Social ampliada com mais um grupo
A vulnerabilidade nas praças, parques, calçadas e marquises de estabelecimentos comerciais, é percebida e identificada pela equipe profissional do serviço de Abordagem Social da Secretaria da Assistência Social e Habitação, constituída por psicólogos e assistentes sociais, com atuação de sete dias por semana, 24 horas por dia. O time da Abordagem Social foi incrementado com mais uma equipe, então são duas, com trabalho intensificado em dias de maior rigor do frio entre 20h e meia-noite em função do horário de refeição no Acolhimento Temporário.
A Abordagem Social pode ser acionada a qualquer hora do dia e da noite tanto por ligação telefônica, quanto por WhatsApp, por cidadãos que se depararem com pessoas neste perfil de risco. O número de contato é 98406-2980, número que recebe ligação a cobrar. O veículo da Abordagem Social busca a pessoa onde estiver.
Os especialistas da equipe técnica se deslocam em ronda diurna e noturna até os pontos estratégicos já reconhecidos por abrigarem estas pessoas e fazem o convite para que sejam levadas, no próprio automóvel público, com os hábitos sanitários exercitados, até um dos dois locais onde existe o pernoite (Acolhimento Temporário e Acolhimento POP).
Estima-se que, em média, 80 pessoas são acolhidas por dia somente para pernoitar (Acolhimento Temporário e Acolhimento POP) e, multiplicada por 30 dias, será alcançado o resultado de 2.400 atendimentos, lembrando que há pessoas que passam pelos locais mais de uma vez.
Atualmente, 100% das pessoas lageanas em situação de rua estão em condições mapeadas e são atendidos pela Assistência Social do Município. Os imigrantes (argentinos e venezuelanos) e migrantes são exceção, pois não se tem controle diante do fato de a movimentação deste público ser contínua de modo mais efêmero dentro de uma mesma cidade.
Na terça-feira (27 de abril), como tem acontecido em noites frias, a equipe procedeu as abordagens e no carro já levam cobertores e colchão da reserva técnica para entrega, pois existem cidadãos em situação de rua que não querem sair da rua. Eles não são obrigados a irem para os acolhimentos. “Nossa obrigação é oferecer acolhimento, mas a vontade tem de partir deles”, detalha o secretário da Assistência Social e Habitação, Jean Pierre Ezequiel.
Na quarta-feira (28 de abril), a Secretaria recebeu a doação de cobertores, mantas e lençóis efetivada pela Receita Federal. São cerca de 1.200 peças que chegaram a Lages de caminhão, desde a sede da Receita Federal de Foz do Iguaçu (PR).
A carga, lacrada, foi transportada pela Defesa Civil. Serão repassados às casas de acolhimento, abrigos e a famílias em vulnerabilidade social e a que estão recebendo a reforma de casas, obras feitas pela prefeitura.
Os cidadãos, ao se depararem com algum caso de pessoas em situação de rua, mendicância, trabalho infantil e/ou exploração sexual, podem entrar em contato pelo mesmo telefone. A coordenadora é Danielle Hoffman.
Pessoas sem residência fixa e refeições para fortalecer a imunidade biológica -
Acolhimento Temporário é o lar de quem mais necessita de aconchego e alimentos quentes
Aberto desde novembro de 2020 em período integral, a casa de Acolhimento Temporário, disponível no bairro Centenário, um dos equipamentos para onde seguem as pessoas que aceitam a proposta da Abordagem Social. A média, em dias de clima ameno, é de 44 pessoas no espaço, e em dias mais gelados, 50. Cada pessoa passa de um a três dias na casa. Anteriormente funcionava durante três meses no ano, nas estações frias. Agora, é o ano inteiro.
Neste ambiente, que presta seus serviços entre 17h e 7h30min, há três quartos, sendo dois com capacidade total para 40 pessoas e um para 20 pessoas, separados em masculino e feminino e para casos especiais, para atender pessoas embriagadas ou sob efeito de alguma substância entorpecente; sala de acolhimento com aparelho de televisão, sofá e cadeiras; seis banheiros, e cozinha, que fazem parte das acomodações. As pessoas podem utilizar o banheiro; tomar banho; usufruir de uma refeição fresca e nutritiva, e receber kit higiene, com escova e creme dentais, sabonete e toalha, roupas de cama limpas (lençol e capas de travesseiro), cobertor, edredom e coberta para uma noite tranquila de sono, longe dos perigos das ruas, dos riscos à saúde no relento e da exposição a um eventual contágio pelo novo coronavírus.
São quatro refeições, banho e pouso. Ao acessar este serviço, ao cidadão é oferecida uma refeição de entrada, geralmente um café completo, com café, suco, pães e bolo e, mais tarde, antes de se recolher ao quarto, a partir dos 20h30min, um jantar reforçado, com arroz, carne, salada, fruta e sobremesa. Passado o pernoite, a pessoa é liberada às 7h30min do dia seguinte, após ter feito o lanche, composto por café, sanduíche e fruta.
Há casos em que primeiramente os cidadãos são encaminhados à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 Horas Maria Gorete dos Santos para estabilização, por exemplo, na ocorrência de indivíduos sob efeito de bebida alcoólica (embriaguez), hipotermia, com ferimentos ou desacordados, e após transportados até o Abrigo.
De novembro para trás, desde março de 2020, as pessoas em situação de vulnerabilidade no outono e inverno foram abrigadas no Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) Nossa Senhora dos Prazeres, bairro Santa Catarina, em tempos de pandemia em que as escolas estavam fechadas.
No meio do ano passado, as pessoas eram acolhidas pelo Abrigo Temporário de Prevenção à Covid-19 na Praça do CEU, montado na Praça do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) - Estação Cidadania. Antes ainda era no antigo seminário, Petrópolis, uma estrutura precária e que inclusive passou por um sinistro de incêndio. E anteriormente, as pessoas eram recebidas no Abrigo Temporário no bairro Petrópolis, antiga Mitra Diocesana.
Um complexo completo de serviços à população
A edificação onde está o Acolhimento Temporário antes abrigava a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Centenário e região. A Secretaria da Assistência Social e Habitação chama de Vila da Esperança, pois um conjunto de instrumentos de cidadania mantidos pela prefeitura está concentrado no mesmo endereço, rua Visconde de Cairú, um perto do outro, facilitando a vida dos moradores: Acolhimento Temporário, Unidade Básica de Saúde (UBS), Centro de Referência de Assistência Social Maria Aparecida Gomes (Cras II), Centro-Dia do Idoso e Centros de Educação Infantil Municipal (Ceims) Maria Joana de Arruda e Cantinho Feliz e onde está em construção um novo Ceim. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas II) está em uma via próxima, na rua Dos Franciscanos.
O Acolhimento POP para pessoas amparadas por mais tempo
Na rua Frei Gabriel, acesso ao bairro Universitário, o Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias (Acolhimento POP) é uma casa com o objetivo de abrigar pessoas que estão de passagem, mas por um período maior de tempo. Naquele local, os beneficiados participam de atividades durante o dia, bem como são agraciados com a oferta de quatro refeições por dia - café da manhã, almoço, café da tarde e jantar - e serviço completo de uma hospedaria, além de um kit higiene e lençol e capas de travesseiro (fronhas) asseados. As roupas de cama são trocadas todos os dias, e uma reserva técnica com roupas pessoais, calçados, colchões e lençóis está preparada para estas pessoas.
No espaço, que funciona o ano todo, 24 horas por dia, e tem capacidade para 28 pessoas, é possível pernoitar por quantos dias sejam necessários. Chega a 22 o número de ocupações atualmente. Podem ingressar homens, mulheres, crianças e adolescentes acompanhados de seus pais. São pessoas que procuram emprego e buscam uma mudança de vida, que passaram por uma situação singular, a exemplo do abandono e do rompimento dos laços familiares e afetivos por diversos motivos, e tomam uma decisão que mudará seus destinos para sempre.
A estrutura física é composta por sete quartos, seis banheiros, duas salas de oficina, refeitório, cozinha e quatro salas de setor administrativo. Um pátio ao ar livre também pode ser aproveitado pelas pessoas acolhidas.
Durante o dia, os acolhidos se envolvem em oficinas de artesanato e de estímulo à reflexão sobre autoestima, autonomia e convivência. Recebem encaminhamento para a emissão de sua primeira ou segunda vias de documentação. A equipe técnica é composta pela coordenação, um assistente social e um psicólogo, os quais identificam as necessidades dos usuários em sua totalidade e realizam os devidos direcionamentos.
Centro POP
Diferentemente do Acolhimento Temporário e do Acolhimento POP, no equipamento chamado Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), na rua São Joaquim, bairro Copacabana, não há a modalidade de pernoite. Os atendimentos são prestados ao longo do dia, das 8h às 18h, com almoço e oferecimento de banho às pessoas necessitadas do serviço e sala de repouso.
O público-alvo são pessoas em situação de rua em vulnerabilidade social e famílias que passam por algum tipo de dificuldade. O local possui capacidade de ocupação para 50 pessoas. Por dia, passam 68.
Profissionais de psicologia e serviço social trabalham para respaldar estas pessoas. Antes da pandemia havia o desenvolvimento de oficinas, o que está impedido para evitar aglomerações.
Trabalho para homens e mulheres para progredir
Em breve, a prefeitura de Lages irá abrir oportunidades de trabalho para as pessoas que desejam sair das ruas definitivamente e seguir em frente. Será implantado um programa, com a parceria de empresas lageanas, para fomentar contratações de mão de obra. Os candidatos que estão dentro das casas de acolhimento interessados e aptos serão selecionados para concorrer a uma vaga no mercado de trabalho.
Nova chance de um futuro melhor nos abrigos para os pequeninos
A prefeitura de Lages mantém os Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saicas), instituições específicas para crianças e adolescentes, como uma forma de moradia temporária. Um localizado no bairro Guarujá, para crianças menores de 15 anos, e o outro no bairro Santo Antônio, para a faixa etária superior, até 17 anos, pois aos 18 anos são considerados adultos por lei e devem deixar estes locais para tomarem rumos de responsabilidade sobre suas vidas, com inserção direta na sociedade.
Atualmente há baixa demanda e as duas casas estão com 19 acolhidos no total. A criança mais nova acolhida tem três meses de vida. Estes Serviços foram criados para acolher crianças e adolescentes com vínculo familiar rompido e encontram-se em processo de retorno familiar ou de encaminhamento para família externa ou substituta.
Um prato digno na Cozinha Comunitária Rolde Romeu Rosar e o papel do Banco de Alimentos no processo de combate à fome
A Secretaria da Assistência Social e Habitação administra a Cozinha Comunitária Rolde Romeu Rosar, situada no bairro Guarujá. Diariamente são entregues aproximadamente 300 refeições (almoços) para famílias lageanas com residência, mas em vulnerabilidade econômica e social, previamente cadastradas e que retiram os recipientes após sua solicitação.
Rica em nutrientes, a refeição tem arroz, feijão, carne, saladas e frutas, em um cardápio balanceado supervisionado por nutricionista. Os alimentos são adquiridos com recursos financeiros provenientes do próprio Município, de convênios e contratos fechados com os governos do Estado (Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social - SDS) e federal (Ministério da Cidadania e Companhia Nacional de Abastecimento - Conab), sendo que em torno de 30% dos artigos alimentícios são do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Ministério da Cidadania, com fornecimento de produtos cultivados pela agricultura familiar, entre hortaliças e frutas, e outros itens, caseiros.
O poder da mobilização do Banco de Alimentos
A distribuição da diversidade de alimentos está garantida no prato das pessoas pelo Banco de Alimentos, uma das âncoras da Secretaria da Assistência Social e Habitação, que faz o recebimento e entrega para os setores da rede social. Daqui cerca de 70 dias deverá ser inaugurado o novo espaço do Banco de Alimentos, em uma estrutura moderna e uma das melhores de Santa Catarina, na avenida Camões, perto do Parque de Exposições Conta Dinheiro, no antigo Centro de Educação André Luiz. Por enquanto, o Banco de Alimentos está localizado na rua Cláudio Galeno, nº: 151, bairro Várzea, no prédio da antiga Associação Lageana da Terceira Idade (Alteri), provisoriamente.
Estão somadas à reforma e melhorias a compra de duas câmaras frias de grande porte para a continuidade do atendimento às entidades e todos os bairros da cidade, como hoje já se faz, porém, com capacidade ainda maior de armazenamento. Nos últimos 30 dias, o Banco de Alimentos entregou 60 toneladas de alimentos. No novo local deverão ser pelo menos 100 toneladas.
Estes itens alimentícios atendem milhares de pessoas, por intermédio das entregas feitas pelos oito Centros de Referência de Assistência Social (Cras’s), três Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas’s), Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saicas) e pelo Serviço de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias, e da Cozinha Comunitária Rolde Romeu Rosar. Em Lages, supermercados contribuem para a luta contra a fome, mandadas diretamente para as casas de acolhimento da prefeitura. A padaria da Secretaria da Assistência Social, no Universitário, próximo à Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), continua funcionando e fornece pães e bolos para equipamentos públicos de assistência social e organizações filantrópicas.
Prefeitura entregará lenhas para famílias alimentarem o fogão à lenha, não passarem frio e prepararem comida
A Secretaria da Assistência Social e Habitação está organizando uma grande operação para ser executada daqui cerca de dez dias. Em razão da grande demanda por lenha para uso em fogões de chapa, comuns na região da Serra, a prefeitura irá doar kits com as madeiras já picadas e enfileiradas em pacotes.
Calcula-se que aproximadamente 50 carretas de volume já estão asseguradas para doação. “Esta foi outra maneira de aquecermos mais um pouquinho o lar de cada um”, recorda o secretário, Jean Pierre Ezequiel.
A retirada do kit, que já estará pronto, acontecerá de acordo com a quantidade necessária da família e será nos próprios equipamentos de Assistência Social, como os Cras’s.
Estes resíduos de madeira provêm de programas de obras, geralmente utilizadas em caixarias na construção civil, cujo projeto de doação de lenhas está idealizado ao longo dos mais recentes 60 dias.
Umas das colaboradoras é a empresa Berneck que doou o equivalente a mais de 100 cargas de carretas de caminhão de madeiras, que estão sendo limpas e reorganizadas para que possam ser repassadas. Após a filtragem do material, deverá serão aproveitadas em torno de 20 carretas. Os kits são montados pela Secretaria ao lado do Banco de Alimentos, no bairro Várzea.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Secretaria da Assistência Social e Habitação/Divulgação
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