A força-tarefa de junção de artigos recicláveis será promovida pela prefeitura de Lages quinzenalmente e em locais a serem definidos
O bairro Vila Mariza foi selecionado para ser o primeiro a receber os trabalhos de recolhimento e destinação de materiais eletrônicos e de pneus recicláveis, inservíveis à população, em operação realizada conjuntamente entre a prefeitura de Lages (Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente); Associação de Moradores; empresa Eco Centro Sul Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos, com sede na Área Industrial, credenciada a receber os eletrônicos, e a Rádio Clube. As tarefas foram desenvolvidas no período matutino de sábado (20 de fevereiro). O Município atuou cedendo servidores, caminhão com carroceria e caminhão basculante (caçamba) para coleta e transporte até os endereços de destinos.
Ao todo foram coletados dois volumes distribuídos em duas cargas de caminhão, portanto, uma carga de eletrônicos e mais uma de pneus. Na lista de itens e utensílios considerados eletrônicos reaproveitáveis estão aparelhos televisor, de rádio, celular e DVD; monitores de computador; outros equipamentos de informática; máquinas de lavar roupas; fornos elétricos; panificadoras; lâmpadas fluorescentes; luminárias; baterias, e pilhas. Os pneus recolhidos, para reciclagem, são de automóveis e bicicletas, além de câmeras.
Ambos os tipos de segmentos tiveram seus produtos entregues a empresas especializadas, em Lages. Na empresa Eco Centro Sul todos os materiais eletrônicos são desmontados e devidamente direcionados para novo aproveitamento. E os pneus foram encaminhados para a indústria de transformação, pela Sunset Pneus Inservíveis, localizada no bairro Bela Vista.
A força-tarefa de junção de artigos recicláveis será promovida pela prefeitura de Lages quinzenalmente e em locais a serem definidos. “As pessoas interessadas em descartar seus artigos de forma consciente, responsável e respeitosa ao meio ambiente, deixaram os materiais em local previamente anunciado, bem como equipes trafegaram com os carros pelas ruas em busca de carregar os objetos deixados em frente às residências. Com esta mobilização damos destino correto aos produtos, evitando que parem inapropriadamente em terrenos baldios, rios, riachos e bueiros, ocasionando sérios problemas de inundações e, simultaneamente, sensibilizamos a comunidade do seu papel de proteger o meio em que vive, com qualidade de vida para as famílias, ensinando a urgência de mudança de comportamento aos filhos. É um gesto claro de educação e transformação de conceitos”, explica o secretário de Serviços Públicos e Meio Ambiente, Eroni Delfes Rodrigues.
Em dias cotidianos, extra-operações, a empresa Eco Centro Sul recolhe os acessórios e peças de acordo com a quantidade disponibilizada e a partir de agendamento (3224-1218). Os pneus foram levados para empresa Sunset Pneus Inservíveis, localizada no bairro Santa Helena (99148-1389), com filiais em Rio do Sul, Chapecó, Araquari e São João do Itaperiú.
Conveniente lembrar que Lages possui em torno de 40 Locais de Entrega Voluntária (LEV) para arrecadação de materiais recicláveis, com estímulo à coleta de óleo e de materiais orgânicos para compostagem. Estas são todas iniciativas do Projeto Lixo Orgânico Zero (LOZ) A tabela de instituições, entre as quais Centros de Educação Infantil Municipal (Ceims) e Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs), pode ser consultada pelos cidadãos no link https://www.lages.sc.gov.br/arquivo_lixo_organico/1572375562416.pdf.
O escudo de precaução ao planeta Terra
A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o Brasil produz anualmente cerca de 1,5 tonelada de e-lixo e apenas 3% são coletados de maneira correta para ser reciclado ou descartado de forma certa. Entre os materiais eletrônicos que podem ser reaproveitados estão refrigeradores; máquinas de lavar roupas; aparelhos de ar-condicionado; aquecedores; fornos microondas; televisores; computadores; impressoras; notebooks; máquinas fotográficas; aparelhos de som, DVD e de fax; videogames e controle; caixas de som; telefones celulares; tablets; drones; pilhas; baterias; conectores; modems; mouses; pendrives; carregadores; cabos; cartuchos; toners; CDs room; .
Os equipamentos elétricos e eletrônicos contam com diversos componentes tóxicos em suas estruturas. No caso de descartados de maneira imprópria, esses resíduos tóxicos podem contaminar o solo e os lençóis freáticos, provocando riscos à saúde pública. De acordo com o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), cerca de 70% dos metais pesados encontrados em lixões e aterros sanitários controlados são provenientes de equipamentos eletrônicos descartados incorretamente.
O que fazer com materiais eletrônicos recicláveis?
Criada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - Lei nº: 12.305, procura organizar a forma como o setor público e privado devem tratar os resíduos. A lei trata de todos os materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados, sejam eles domésticos ou industriais.
Esta Política Nacional indica que a responsabilidade pela logística reversa de alguns produtos, dentre eles, os eletroeletrônicos, pilhas e baterias deve ser dos fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores. No entanto, apenas é possível começar este processo com a participação efetiva dos consumidores.
A manufatura reversa é extremamente eficiente quando realizada da maneira certa. Em alguns casos, é possível reciclar e reutilizar até 100% dos materiais de um equipamento. Em âmbito geral dos objetos eletrônicos, com as peças devidamente separadas, torna-se possível dar a destinação a cada tipo de componente dos aparelhos. Ferro, alumínio, vidro e plástico, por exemplo, são enviados à reciclagem.
Peças mais complexas, como placas de circuito (constituídas por mais de 20 componentes distintos), são trituradas e cada elemento é destinado a um fim. Os aparelhos eletrônicos são desmontados, e a carcaça, a bateria, o vidro e as placas de circuito são separados, com um destino diferente dado para cada componente. A carcaça é triturada e separada por material de acordo com a sua densidade. Depois, os resíduos podem ser vendidos para outras empresas que utilizam os polímeros, ou incinerados para gerar energia, ou podem ser derretidos e transformados em outro plástico. O relatório From Waste to Resources da United Nations Environment Programme (UNEP), ou Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), uma tonelada de celulares renderia 3,5 quilos de prata, 130 quilos de cobre, 340 gramas de ouro, e 140 gramas de paládio.
E os pneus?
Um pneu demora, em média, até 600 anos para chegar à decomposição. No Brasil são produzidos mais de 40 milhões de pneus por ano. E, assim, surge o desafio de proporcionar uma finalidade econômica e ambientalmente adequada para o pneu inservível, ou seja, aquele que não pode ser mais recauchutado ou mesmo reformado, visto que pode causar acidentes devido a sua fragilidade. O pneu causa problemas com a preservação do meio ambiente e de saúde, decorrentes de enchentes, e doenças, como a dengue e outras, geradas pela transmissão de mosquitos que se alojam na água parada nos pneus descartados erroneamente.
Se um pneu não pode ser mais reaproveitado em sua forma original, ainda assim serve como matéria-prima para a confecção de diversas outras coisas, que vão desde a fabricação de uma simples sandália até a pavimentação de uma estrada, na implantação do asfalto ecológico, feito a partir do pó do pneu reciclado. O pneu, na forma triturada, é usado na produção de asfalto, mas de borracha, bem mais durável e eficiente.
O asfalto feito a partir da reciclagem de pneus pode durar de três a cinco anos. Cada caminhão ecológico segue retirando da natureza uma média de 21 mil pneus por ano.
Os pneus podem ser, aliás, utilizados para a produção de óleo, carvão mineral, aço e gás. O processo inicial consiste no corte dos pneus, colocados em caldeiras aquecidas a 400º e cada 200 pneus derretidos dão origem a aproximadamente 250 litros de óleo, 300 quilos de carvão mineral e 150 quilos de aço, ainda o gás que é utilizado para alimentar as caldeiras. O óleo e o carvão voltam para as indústrias na forma de combustível e o aço é aproveitado pelas metalúrgicas. A criatividade pode tornar os pneus peças decorativas de jardins de uma casa ou ambiente comercial.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente/Divulgação
Galeria
Agora Ficou mais fácil e Rápido Encontrar o que Você Precisa!