O case agora irá virar modelo nacional e garantia de uma solução extremamente facilitadora para a comunidade englobada na sensibilização de proteger mais o planeta
Cidades promissoras, profissionais especializados e acadêmicos e educadores, baseados no Projeto Lixo Orgânico Zero (LOZ), desenvolvido pela Prefeitura de Lages, por intermédio da Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente, e pelo Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), poderão estar na plateia online da entrega do Prêmio Nacional Lixo Zero para Lages na próxima quarta-feira (23 de dezembro). Em razão das restrições sanitárias de prevenção a transmissões pelo novo Coronavírus (Covid-19), o evento será virtual e transmitido ao vivo para todo o Brasil, na quarta (23 de dezembro), às 19h, pelo canal do YouTube do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), promotor do Prêmio Nacional.
O Projeto Lixo Orgânico Zero concorreu com diversas iniciativas brasileiras e esteve no seleto grupo do hall dos participantes inscrito na categoria Compostagem com a proposição do “vaso compostor”, depois de experimentos assíduos e comprovação de eficiência. O vaso compostor, vencedor do Prêmio em 2020, é uma das dinâmicas que proporcionaram a visualização da simplicidade do processo de compostagem, ampliando consideravelmente a dinâmica do trabalho, e teve o apoio do presidente do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), Rodrigo Sabatini, e da Juventude Lixo Zero, na divulgação. O vaso compostor/Método Lages de Compostagem foi descrito em um artigo da revista norte-americana BioCycle, em outubro deste ano.
Esta será uma vitrine para o município e Serra Catarinense a ser celebrada nesta semana, envolvendo uma das missões do Projeto lageano, que é levar suas ações especiais Brasil e países afora, de luta pela causa do meio ambiente, e principalmente o Método Lages de Compostagem, um sistema de minicompostagem ecológica para reciclagem do lixo orgânico, alicerçado na destinação das sobras orgânicas da cozinha para compostagem, propiciando o aproveitamento de resíduos orgânicos para enriquecer o solo, fazendo com que deixem de fazer parte do ciclo do lixo e passem a estar no ciclo do alimento, combatendo o desperdício. Lages aparece como protagonista em decorrência da preocupação da prefeitura com o futuro das próximas gerações e com a utilização responsável e empática dos recursos naturais disponíveis à humanidade.
Idealizado pelo Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB) e correalizado pela Route Brasil, com o apoio da Co.Circular e da Agência Água, o Prêmio pretende promover e disseminar os melhores projetos brasileiros que representam o empoderamento das atitudes sustentáveis. Reconhecer, valorizar e dar visibilidade às práticas contribuidoras e reforçadoras do desenvolvimento do conceito ‘Lixo Zero’ no país. “Serão premiados atores da sociedade que têm impactado, de forma positiva e vibrante, todos os cantos do Brasil, propulsores da economia circular e criativa e sustentabilidade para a gestão de resíduos”, relata o Instituto.
São 17 as categorias na edição 2020 do Prêmio Lixo Zero, e são as seguintes: Conscientização e Educação, Reciclagem ou Sistema de Reciclagem, Compostagem, Redução e Reuso, Tendência, Ação Comunitária, Política Pública, Comunicação/Imprensa, Tecnologia, Cidade Lixo Zero, Escola Lixo Zero, Evento Lixo Zero, Indústria Lixo Zero, Celebridade/Influenciador, Beleza e Saúde, Audiovisual e Logística Reversa. O prêmio físico é produzido a partir de vidro reciclado por uma artista focada na reutilização. Nas edições passadas, a produção foi da artista Julia Zílio.
Toda esta minunciosidade do Prêmio faz com que Lages tenha ainda mais orgulho. “A compostagem já é um sucesso em Lages, com êxito em mais de 80 instituições, entre as quais, escolas, empresas, presídio, restaurantes, condomínios e residências. Inúmeros municípios brasileiros estão alinhados com o Método Lages de Compostagem e recebem assessoria da equipe, e o Projeto já ultrapassou fronteiras internacionais pela praticidade e vontade das pessoas de fazer a diferença com boas atitudes, pois as pessoas que se envolvem, e são muitas, querem fazer parte da solução dos problemas. Ganhar novamente este Prêmio Nacional é uma forma de enaltecer as boas parcerias e ações que acontecem em nossa cidade em prol da sustentabilidade e de uma vida melhor”, expressa uma das idealizadoras do Projeto LOZ, Silvia Oliveira. O Projeto LOZ tem a coordenação técnica do professor doutor Germano Güttler e atuação de mais de 30 pessoas, dentre bolsistas do CAV/Udesc, voluntários e servidores públicos, atuantes na execução e divulgação do Método Lages de Compostagem.
Um colecionador de reconhecimentos nacionais e internacionais
E não é a primeira vez que o Projeto Lixo Orgânico Zero é honrado com premiações. Em 2019 o Projeto lageano já levou o Prêmio Nacional Lixo Zero na categoria Conscientização e Educação, em evento no Rio de Janeiro, possibilitando que mais de 50 mil domicílios fossem contemplados a partir da decisão do prefeito Antonio Ceron, de estender este Prêmio à comunidade com a isenção do aumento do valor da tarifa de lixo que cobre as despesas com a coleta, transporte e destinação do lixo ao aterro sanitário.
No final de 2019, o Lixo Orgânico Zero foi destaque em um evento internacional em Cascais, em Portugal. Acadêmicos apresentaram o Projeto para outros jovens de diversos países, durante o “We Are - Zero Waste Youth Global Meeting”, um encontro internacional da Juventude Lixo Zero, movimento mundial fomentador da consciência do desperdício zero junto à comunidade jovem.
O Projeto Lixo Orgânico Zero é executado pela prefeitura de Lages em parceria com o CAV/Udesc e patrocínio financeiro do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal (FSA CEF) e do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA)/Ministério do Meio Ambiente, mediante convênio após vencer um prêmio, em 2017, para recebimento de quase R$ 1 milhão (R$ 952 mil), para investir no incentivo à reciclagem do lixo orgânico no município. Na ocasião Lages concorreu com 320 projetos de todo o Brasil. Em função da pandemia, estes respaldos foram reprogramados para 2021. Portanto, o foco em 2020 foram as divulgações nas mídias sociais, e o público pôde conhecer melhor o Projeto LOZ.
São nove anos de história
Nascido há aproximadamente nove anos, o Projeto Lixo Orgânico Zero tem enfoque na Minicompostagem Ecológica (MCE) e reforça à comunidade a necessidade urgente de conscientização e mobilização e os ensinamentos sobre a destinação das sobras orgânicas da cozinha para compostagem, evitando-se encaminhar estes resíduos para o aterro sanitário, onde ocasionarão gastos ao Município, que paga por tonelada recolhida e destinada ao aterro sanitário. Bem como, através da compostagem, alimentos são produzidos através da otimização das hortas sem agrotóxicos, e há consequente redução de água na irrigação e, ainda, a compostagem possibilita o cultivo de jardins que poderão embelezar os espaços. Hoje folhas e galhos de árvores das podas da cidade são trituradas no Horto do bairro Várzea e entregues em sete pontos de Lages para cobrir as compostagens nas instituições e domicílios. “Agradecemos a todos as pessoas e instituições parceiras do Projeto Lixo Orgânico Zero, em especial ao coordenador técnico Germano Güttler, e reiteramos ser um trabalho diário, permanente e interminável, de levar à sociedade o alerta de proteção ao meio ambiente e de entender que para ter é preciso cuidar. Devemos ser multiplicadores de boas ações. Meio ambiente é um assunto seríssimo e compõe uma cadeia de tópicos significativos para a sobrevivência. Nossa responsabilidade não pode entrar em extinção. Cada um tem que fazer a sua parte”, defende Silvia Oliveira.
Método Lages integra o topo dos bons exemplos
Um edifício residencial situado no 1º bairro ecológico do país, Setor Noroeste, em Brasília (DF), adotou a técnica lageana de compostagem (Método Lages de Compostagem), conhecido como Minicompostagem Ecológica, desenvolvida pelo Projeto Lixo Orgânico Zero, que passou a ter este nome no encontro com a equipe do Fundo Socioambiental da Caixa, e pela equipe do Ministério do Meio Ambiente em 2018.
Neste condomínio, caixotes de madeira ecológica - como pinus - com grades de tela e furados guardam o resíduo orgânico, coberto com pó de serragem. O líquido gerado escorre diretamente no solo, enquanto o composto seco é distribuído no jardim do condomínio, entre 20 e 30 dias após o início do processo.
Diante do Projeto, uma lixeira pequena foi entregue em cada apartamento. Uma vez por dia, os funcionários recolhem o material, que é levado às composteiras e, por já estar separado, ajuda a diminuir o trabalho de coleta.
O secretário responsável pela Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal (Sema - DF), Sarney Filho, tem conhecimento sobre o Método Lages de Compostagem, pois esteve ciente de que este foi o modelo utilizado no prédio do Noroeste, em Brasília, os resultados foram excelentes e a ideia bem quista pelos moradores. A meta inicial, de acordo com Sarney Filho, foi criar um dispositivo legal para dar segurança jurídica à compostagem descentralizada de resíduos feita por iniciativas comunitárias que utilizam o composto orgânico na mesma localidade onde eles são gerados, ocupando áreas públicas.
Conheça mais e faça a sua parte
Positivamente, o Projeto Lixo Orgânico Zero privilegia-se da abertura das portas de mais de 80 instituições que aderiram aos seus objetivos. São escolas, empresas e organizações. Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs) e Escolas de Educação Básica (E.E.B.), Centros de Educação Infantil Municipal (Ceims), Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Centros de Referência de Assistência Social (Cras’s) e associações de moradores, servindo de referência para outros locais, como a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), no Palácio Barriga Verde, e o Presídio Masculino de Lages, aliás, para municípios da Serra, mais de 20 cidades do Extremo-Oeste Catarinense e até para outros países, uma vez que
E não para por aí. O Projeto Lixo Orgânico Zero mantém outras ideias neste processo de educação: Projeto Conhecendo os Caminhos do Lixo, em que estudantes universitários e de cursos técnicos e professores percorrem as etapas de cuidado e administração da logística do lixo, passando por visita técnica à Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis de Lages (Cooperlages), localizada no bairro São Miguel, ao aterro sanitário, no distrito de Índios, e ao campus do CAV/Udesc, onde geralmente acontece aula prática de mini compostagem de resíduos sólidos. Além deste, em Lages é praticado o uso dos recipientes denominados Locais de Entrega Voluntária (LEVs), instalados em inúmeras partes da cidade, recebendo materiais recicláveis sólidos e óleo de cozinha, matéria-prima para a produção de sabões e velas.
São feitas entregas de Material Orgânico de Difícil Decomposição (MODD), que consiste em serragem, cinzas de termoelétrica, resíduos de podas de árvores triturados, grama e folhas, para cobrir os resíduos orgânicos do processo de compostagem. E distribuídas cartilhas informativas e educativas à população.
Texto: Daniele Mendes de Melo, com informações complementares da Agência Brasília
Imagem Prêmio Nacional Lixo Zero: Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB)/Divulgação
Fotos compostagem: Arquivo e Divulgação (alguns registros feitos antes da pandemia)
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